Completou há dias três anos como Presidente da República, o quinto a ser eleito em quase 50 anos de democracia. De aluno brilhante a professor catedrático, de político a comentador televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa chegou a chefe de estado em 2016, após ter obtido 52% dos votos e praticamente duas décadas depois de ter liderado o PSD. Concluído mais de metade do seu mandato, continua a ser o político português no activo com maiores índices de popularidade.

Marcelo Rebelo de Sousa tem sabido como ninguém ocupar o espaço dos populismos, sem ser devorado por eles e, sobretudo, sem se tornar ele próprio um populista. Sempre com um estilo muito próprio, próximo das pessoas, de um protagonismo exuberante no contacto com as instituições, com os partidos, com a sociedade civil. Ninguém lhe é indiferente.

Como alta figura do Estado, está sujeito ao escrutínio da opinião pública e é naturalmente objeto de elogios e críticas quanto à gestão da sua imagem.  A verdade é que com este estilo soft e inclusivo tem conseguido estar presente nos momentos em que é necessário, distribuindo os afetos que um Portugal reerguido da intervenção externa de 2011-15 tanto carecia.

Goste-se ou não da sua popularidade, é de reconhecer o esforço em manter sempre na sua agenda espaço para estar próximo dos que mais precisam de apoio. Para estar presente nas grandes decisões que condicionam a vida dos portugueses. Para participar ativamente no dia-a-dia dos cidadãos, intervindo sempre que necessário, mas nunca ultrapassando os poderes que lhe são conferidos pelo nosso sistema republicano de semipresidencialismo.

Em três anos de mandato, já vetou por 11 vezes diplomas do Governo, mas nunca recorreu ao Tribunal Constitucional. Ou seja, procura o consenso, sem nunca abandonar as suas opiniões perante o Parlamento ou o Governo. Neste período, foi também um Presidente presente junto das comunidades portuguesas no estrangeiro. Já efetuou mais de meia centena de deslocações internacionais, percorreu 32 países e realizou 13 visitas de Estado.

Ninguém poderá negar o seu inquestionável contributo para cimentar o conceito de nação em Portugal e para reafirmar o seu lugar no espaço europeu e no espaço lusófono – que tem visitado amiúde nestes três anos.  Em todos os lugares onde passou, Marcelo Rebelo de Sousa tem conseguido compreender como ninguém os anseios dos portugueses, transmitindo sempre uma mensagem positiva e de esperança.

E com eleições à porta, como serão os próximos anos deste nosso regime semipresidencialista? A atual legislatura aproxima-se do fim e o Presidente da República enfrenta um novo ciclo de decisões eleitorais.

Publicamente, tem repetido que “o povo é quem mais ordena” quanto à próxima solução política que resultar das eleições: “os portugueses é que têm de dizer o que é que preferem, se preferem uma solução mais à direita ou mais à esquerda, com maioria absoluta ou sem maioria absoluta, eles têm isso na cabeça e ao votarem escolherão o futuro para os próximos quatro anos”.

Mas, no seu íntimo, o que pensará? Qual a melhor solução para o país? Como irá viver os dois próximos anos até ao final do seu primeiro mandato? Com Marcelo Rebelo de Sousa, nada é deixado ao acaso. Nem os afetos. Uma coisa parece certa: nos próximos sete anos, não teremos novo Presidente. E ainda bem.