A produtividade da economia portuguesa prosseguiu, em 2018, a trajetória descendente iniciada em 2014. No ano passado, o valor acrescentado bruto por trabalhador diminuiu 0,6%, perfazendo o quinto exercício consecutivo de declínio da produtividade. Isto apesar de Portugal estar em crescimento económico justamente desde 2014, com reflexos quer ao nível do produto, quer ao nível da criação de emprego. De resto, a produtividade do trabalho por hora correspondia, em 2017, a 66% (68% em 1995) da média da UE.

Portugal tem de facto um défice estrutural de produtividade, sendo a sua resolução um dos grandes desafios atuais da nossa economia. Depois de uma retoma económica assente na procura externa e na criação de emprego, importa agora fazer da produtividade um fator de crescimento, competitividade e bem-estar social. Não devemos esquecer que a produtividade determina em boa medida a qualidade de vida dos cidadãos, pois aquilo que uma nação consome está intimamente ligado ao que produz. Há, aliás, o risco do país registar desequilíbrios externos se a produtividade não compensar os níveis de consumo.

Para uma empresa, a produtividade é decisiva na criação de valor para o mercado sem aumentar o capital investido, os custos do fator trabalho ou outros inputs. Por isso, o sucesso de uma empresa depende muito do desempenho laboral, na medida em que este pode permitir a redução das despesas de produção, a melhoria da qualidade de bens e serviços, o aumento das margens de lucro, o incremento da eficiência interna e a subida dos salários. Só que a produtividade resulta de vários fatores (capital humano, capacidade tecnológica, intensidade de inovação, segurança no trabalho, organização interna, liderança…), alguns deles de grande complexidade.

Assim se explica que nos setores de elevado valor acrescentado e alto conteúdo tecnológico a produtividade seja significativamente maior do que nas atividades menos qualificadas. Logo, um país onde predominam os serviços de proximidade e as microempresas, como o nosso, dificilmente não terá um problema de produtividade e, consequentemente, uma tendência para desequilíbrios nas balanças correntes e de capital. Com a agravante de que Portugal é um dos países da OCDE com níveis de escolaridade mais baixos entre os jovens adultos.

Neste pressuposto, a resolução do problema da produtividade passa, por um lado, pela qualificação do capital humano e, por outro, por uma subida na cadeia de valor. Apesar dos progressos já alcançados, Portugal não pode abrandar o seu esforço para elevar o nível de instrução da população (combatendo o abandono escolar precoce e promovendo o acesso ao ensino superior) e deve reforçar o investimento em formação profissional, em parceria com as empresas. Paralelamente, é preciso mais conhecimento, inovação e tecnologia para capacitar o tecido empresarial e dar-lhe assim condições para aumentar a produtividade laboral.