Quando o tema em cima da mesa é a liderança empresarial no futuro, somos remetidos quase instantaneamente para o universo da ficção científica. O cenário dos filmes futuristas é, na maioria das vezes, pouco abonatório: megacorporações geridas por líderes sem escrúpulos, totalitários, pouco credíveis e pouco inspiradores. Nada mais errado.

Para pensar a liderança do futuro, temos forçosamente de olhar para a liderança que hoje acontece nas empresas, lendo os sinais à nossa frente e as tendências que já se desenham no horizonte. Não tenhamos dúvidas: a liderança é cada vez mais importante, assumindo um papel essencial no sucesso das empresas. E está longe do imaginário sombrio de “RoboCop” ou de “Blade Runner”.

Um líder numa empresa é como um maestro de uma orquestra. Em vez de secções de instrumentos (cordas, metais ou percussão), na orquestra da empresa temos recursos que precisam de ser geridos (tecnologia, matérias-primas, colaboradores, tempo ou recursos financeiros). E, tal como numa orquestra, cada uma das partes da organização deve ter autonomia e know-how suficiente para garantir um bom desempenho. É o maestro, contudo, que garante a harmonia do conjunto.

Sem essa boa liderança, todos os outros recursos trabalham em ritmos diferentes, sem a visão de conjunto e sem acompanhamento. Tornam-se, por isso, ineficazes. O que, claro está, tem efeitos na cultura organizacional, na agilidade da empresa e na concretização dos objetivos.

Com a era digital, o mundo acelera a sua permanente mudança. Mudaram os clientes, que hoje exigem uma experiência excelente e personalizada em todos os pontos de contacto. Mudaram os colaboradores, que hoje exigem ser ouvidos, motivados e valorizados, sobretudo com a geração millennial. Mudaram os recursos disponíveis e os próprios processos das empresas: hoje existem ferramentas digitais incríveis para processos mais ágeis, para o self-service e envolvimento dos colaboradores, para a análise de informação em tempo real que apoia decisões fundamentadas e para uma experiência de compra cada vez melhor.

À medida que todas estas mudanças se fazem sentir, também a liderança evolui. Por uma questão de sobrevivência das organizações e porque este é o único caminho possível para uma gestão de excelência. Ao líder de hoje não basta mandar, de forma surda e sem credibilidade. Se mantiver esta postura de liderança do passado, perderá o melhor talento para a concorrência.

Que millennial ficará numa organização em que não se sente ouvido? Portanto, o líder moderno precisa de assumir uma postura credível e ser um excelente gestor de pessoas, equilibrando a necessária exigência com a valorização, envolvimento e felicidade do talento que o rodeia. Mas é preciso mais. Um líder moderno precisa, cada vez mais, de reconhecer a importância da tecnologia como um dos valores para o sucesso.

São as ferramentas tecnológicas que permitem sistematizar e automatizar processos internos, dotando as organizações de resiliência e agilidade para se adaptarem às mudanças futuras. É também a tecnologia que permite ao líder estar a par de todos os indicadores relevantes de negócio – e assim tomar decisões em tempo real, acompanhar as equipas com orientações fundamentadas e ajustar o desempenho sempre que necessário. Sem esquecer que são as soluções digitais que nos permitem responder às necessidades dos clientes de forma personalizada, em qualquer momento, graças à disseminação e evolução do eCommerce.

É inegável: a transformação digital impactou os negócios e a forma de liderar para o sucesso. Os líderes que permanecem no passado acabarão por desaparecer e levar consigo, neste caminho de destruição, as organizações onde estão inseridos. Do lado oposto – o lado do sucesso –, uma liderança moderna, adaptada aos dias de hoje, assume-se como uma extraordinária vantagem competitiva, permitindo que a organização faça mais e mais rápido do que a concorrência. Uma boa liderança permite antecipar – e adaptar para ganhar.

Este é o presente que nos permite ter otimismo para o futuro. Os líderes de amanhã deverão continuar e afinar o caminho da boa liderança do presente. Estarem disponíveis para ouvir e integrar o que está à sua volta – seja feedback das equipas ou indicadores dos dashboards –, sem perder a exigência e o rigor. E fazer tudo isto com o apoio imprescindível das melhores ferramentas tecnológicas que ampliam as capacidades e nos permitem fazer melhor do que as gerações passadas fizeram. E temos esse caminho pela frente.

Nesta era digital, sabemos o quão diferente está o perfil dos líderes nos filmes de ficção científica daquele que encontramos nas empresas de sucesso. Quando pensamos nos líderes do futuro, sabemos que são necessários indivíduos que inspirem, não que intimidem. E para isso as competências humanas, ampliadas pelo potencial tecnológico, serão essenciais.