Gerou-se o pânico quando os mercados se aperceberam de o “vírus da China” se iria transformar numa pandemia e que a economia mundial seria fortemente atingida.

Em 20 de março, o S&P caía mais de 35% face aos máximos históricos registados apenas cinco semanas antes.
Passados dois meses, as bolsas recuperaram de forma clara. O Nasdaq já ganha 10% este ano e, no caso do S&P 500, apesar de ainda se registarem perdas de 4% em 2020, já se recuperaram mais de 28 dos 35% cedidos. O que poderá explicar cotações tão perto de máximos históricos se a economia global piorou significativamente e a falta de visibilidade sobre a evolução da Covid-19 permanece?

O mercado gostou das repostas dos bancos centrais e governos, acreditando que serão suficientes para reanimar a economia, mesmo que alguns setores fiquem para trás. Por outro lado, num contexto de taxas de juro muito baixas e de injeções monetárias, as ações poderão ser um meio eficaz de defesa contra a inflação, temida por muitos. A realidade é que há poucas alternativas ao investimento em ações, sobretudo em índices. Investir diretamente em negócios parece arriscado devido à falta de visibilidade, as obrigações estão caras e o imobiliário parece “perigoso” diante de tanto desemprego e teletrabalho. Finalmente, há quem no mercado esteja cada vez mais receoso da capacidade de os estados cumprirem as suas obrigações sem proceder à monetização da dívida e, simultaneamente, aumentar a carga fiscal sobre o património financeiro e imobiliário. Nesse contexto, o investimento em ações acaba por ser um refúgio.