Nas últimas semanas o país tem ensaiado com sucesso, num misto de estranheza e ansiedade, o regresso a uma nova normalidade, depois de momentos de preocupação extrema e de termos tocado na posição mais grave do mundo e, em dois meses, com decisões duras, firmes e difíceis, e de enorme esforço coletivo e já cansados, conseguimos retomar a rota da confiança. Apesar de quase um ano passado de altos e baixos de preocupações, recriminações e alívios, desconfianças e negações, os dados começam a dar confiança sem podermos transigir.

Na entrada de uma nova fase de desconfinamento, vamo-nos confrontar com novas atitudes e novas atenções. Para as quais vamos continuar a fazer parte de um retorno a uma vida diferente, com experiência acumulada e vontade de não regredir. Nestes meses conhecemos quem esteve infetado e ainda sofre os efeitos da doença. E conhecemos alguém que não sobreviveu, ao contrário do que sucedeu na primeira e segunda vaga desta pandemia.

Parte do nosso futuro próximo passa pelo êxito do processo de vacinação. Este tem corrido de forma organizada e com satisfação generalizada e quem recebe a vacina sente-se confortado, apesar da especulação pública sobre eficácia ou efeitos secundários. Os números dos já vacinados, falam por si e apenas o atraso na chegada de vacinas e a polémica sobre algumas tem provocado hesitações e entraves na sua concretização plena.

Ninguém duvida que o governo tentará retirar dividendos do sucesso deste processo. Mas por mais que venha a reclamar êxito, importa ter em atenção que o sucesso é devido a um especial espírito de colaboração entre a estrutura de missão, os centros de saúde, as escolas e as câmaras municipais. Ninguém duvida que o Serviço Nacional de Saúde sai reforçado em todo este processo e que terá financiamento assegurado nos próximos anos.

Hoje todos se mostram empenhados num sucesso coletivo tendo em vista chegar depressa ao maior número de pessoas possível e à designada imunidade de grupo. As prioridades de vacinação por estratos etários têm-se mostrado adequadas pela objetividade e da facilidade da sua compreensão.

Ressalta óbvio a clareza da mensagem passada pela estrutura de missão desde que mudou a liderança inicial que, recordemos, foi escolhida pelo este governo. Conseguir mais de 180 mil pessoas vacinadas num fim-de-semana constitui um resultado que nos assegura fluidez para alcançar os ambiciosos objetivos propostos. Que dá confiança acrescida para os próximos meses e onde este sucesso calará os que negam a doença, questionam o método e duvidam da eficácia da vacinação.

Neste esforço coletivo ninguém tem o direito de cantar vitória e quem quiser retirar louros sairá a perder. Qualquer oportunismo, nomeadamente político, merecerá uma forte censura, face a um desafio que nos tocou e ainda toca a todos. O sucesso deste processo apenas pode ser reclamado pelas vidas que se salvarem, pelos profissionais que se envolveram e, na generalidade, por todos que se querem libertar deste pesadelo.