No próximo dia 14 de outubro o FMI publicará o seu World Economic Outlook de Outono. Veremos se as perspetivas, menos más, da atualização de julho, face às projeções de abril se confirmam, ou se, as nuvens negras se adensaram sobre a evolução da economia mundial. Em qualquer caso, será expectável que se mantenha a diferença de dinamismo entre as chamadas Economias Avançadas e as Economias Emergentes de Mercado e em Desenvolvimento, com estas últimas continuando a afirmarem-se no contexto da Economia Global e, no caso das primeiras, com a continuação das dificuldades da Europa. E, vamos ver, quanto aos Estados Unidos.

Entretanto, foram já dados a conhecer os capítulos 2 e 3 do próximo Outlook que, curiosamente, se focam, respetivamente, nas Economias Emergentes e nas Economias Avançadas.

O capítulo 2, foca-se, precisamente, nas razões do dinamismo das economias emergentes, particularmente, no período posterior à crise económica e financeira de 2008-2009, incluindo o pós-Covid. É interessante seguir a análise que é feita das razões do sucesso deste grupo de países que, não excluindo a heterogeneidae de situações e o contexto externo favorável, se foca na evolução dos quadros internos de definição de políticas que terá desempenhado um papel crucial no apoio à estabilidade macroeconómica, permitindo aos países orientar-se para políticas de crescimento. É interessante a referência ao papel da China no dinamismo destes mercados emergentes que terão beneficiado dos spillovers do crescimento sustentado deste país e da sua crescente integração na economia global.

Por sua vez, o capítulo 3 aborda alguns dos desafios do retorno generalizado à Política Industrial, nas economias avançadas, mais pressionado na sequência dos efeitos do aprofundamento da atual crise geoeconómica e geopolítica internacional. E, curiosamente, não deixam de ser referenciadas duas experiências de países emergentes, com processos e resultados distintos, mas que não deixam de constituir referências para o desafio histórico do crescimento sustentado e do desenvolvimento.

Não obstante a discussão dos trade-offs do retorno às políticas industriais, designadamente dos efeitos de curto prazo sobre os preços, da má afetação de recursos, da diluição da produção de resultados a maior ou menor longo prazo, da má escolha dos sectores de intervenção ou do mau desenho das políticas – o que pressupõe a existência de dúvidas relativamente à boa aplicação da nova orientação, ou que ela seja uma solução mágica para os problemas atuais –, o texto conclui pela inevitabilidade, no contexto atual, de serem implementadas novas políticas industriais para promover a transformação das economias com foco em indústrias estratégicas, em particular na energia e na tecnologia, tendo em conta os objetivos de recuperação do crescimento económica e da redução de dependências.

Mas insiste, também, na necessidade de desenhar bem as ações e a sua execução, de avaliar impactos e trade-offs, custos de oportunidade e financiamentos, o que aponta para a necessidade de reforçar o planeamento económico e as suas estruturas de definição, execução e controle. Algo que no caso da Europa tem de ser bem pensado e organizado tendo em conta que não é uma entidade politicamente integrada e que tem de levar em consideração as assimetrias entre países, os seus níveis de partida, a produção de escala, a coerência interna e, sobretudo, a rapidez de execução. Algo a que Portugal não poderá deixar de estar atento.