De acordo com o Relatório Draghi, o rendimento disponível per capita cresceu duas vezes mais nos EUA do que na União Europeia (UE) desde 2000 e isto porque a UE tem ficado bem atrás dos EUA e da China na Revolução Digital. Só temos quatro das 50 empresas mundiais no topo da revolução digital, os preços da energia são relativamente altos, sobretudo se comparados com os dos EUA, e a demografia na Europa, quando comparada com os EUA, também não ajuda.
O Relatório diz que caminhamos para sermos um museu industrial, amarrados a uma estrutura industrial estática, com poucas empresas a conseguirem inovações disruptivas ou novos motores de crescimento.
Em vez de empresas da revolução digital como nos EUA, na UE a lista das três maiores empresas investidoras em Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT) foi dominada durante vinte anos por empresas automóveis de veículos com motor térmico.
O Relatório assinala, e bem, a baixa eficácia e produtividade da I&DT financiada pela Comissão Europeia e por muitos governos nacionais, com uma grande dispersão de programas.
Comparando na I&DT o esforço americano com o europeu, o Relatório mostra que nos EUA as empresas contribuem mais para esse esforço do que o Estado federal (empresas 2,3% e o Estado 1,3 % do PIB americano), ao contrário da UE, em que o esforço público comunitário e nacional é maior do que o das empresas (empresas 0,8% e poderes públicos 1,4% do PIB da UE).
Isto explica, no fundo, o maior sucesso americano em termos de produtos comercializados em relação à dificuldade que aqui temos em passar da inovação e das patentes aos produtos comercializáveis, pois que o ID&T financiado pelas empresas estará já mais próximo do mercado do que o ID&T europeu financiado sobretudo pelos poderes públicos.
Mas, para mim, é evidente que a existência nos EUA de muito mais empresas de grande dimensão nos setores tecnológicos do futuro, face ao pequeno número de empresas congéneres europeias e com menor dimensão que as americanas, explica por que razão há um grande financiamento das empresas privadas americanas, coisa que não acontece na Europa.
Também é preciso notar que muitas startups europeias vão depois para os EUA para poderem mais facilmente escalar sem as barreiras e segmentações dos mercados europeus, e poderem também aproveitar o dinamismo quer dos fabulosos mercados de capitais americanos, quer da indústria de private equity e venture capital.