O sector do turismo, analisado numa óptica global, integrando hotéis, alojamentos turísticos, restaurantes, transportes e animação turística, aproxima-se, perigosamente, do valor de 20% do PIB.

O nosso sector de turismo, em que a predominância de lazer é mais significativa do que a de negócios, é muito sensível, para além da evolução económica dos principais países emissores, a um conjunto de variáveis intangíveis de percepção sobre a realidade do país.

Qualquer perturbação em relação a cada uma destas variáveis, objectivas (rendimento dos habitantes dos países emissores) e subjectivas (percepção de segurança), afecta toda a cadeia de valor do sector, razão pela qual deve ser analisado numa perspectiva holística.

O crescimento do sector do turismo, nos últimos anos, tem sido superior ao crescimento de outros sectores de actividade, em particular da indústria, o que justifica a sua crescente relevância nas exportações de serviços e na sua contribuição para o PIB.

Para além da sua dimensão excessiva, em termos relativos, aproximando-nos de valores de risco, o nosso sector do turismo concentra-se, no continente, nas regiões de Lisboa, Porto e Algarve, com uma grande parte do interior do país desprovido de condições mínimas de acolhimento.

Em todos os inquéritos realizados aos turistas que nos visitam, surgem, sempre, nos lugares cimeiros, a justificar a escolha do nosso país, a cordialidade do povo português e a segurança.

As três regiões de maior concentração de actividades turísticas no continente, são também as regiões com um número crescente de imigrantes ilegais, oriundos de países de risco, pelo que a percepção de segurança de quem nos visita tem vindo a diminuir.

Considero, assim, que são urgentes as seguintes medidas de política económica:

Apoiar, através de incentivos robustos, o desenvolvimento de unidades turísticas, exclusivamente, em regiões do interior do país, fora das três regiões dominantes, com majorações em função do nível de interioridade.

Incrementar, de forma robusta, os incentivos à indústria, apoiando as operações de aumento da dimensão das nossas empresas industriais, por fusões e aquisições, e a sua modernização em processos de reestruturação para aumento das exportações, aumentando a sua participação no PIB.

Este é um caminho essencial para a construção dum perfil mais equilibrado da nossa economia, que nos proteja de acidentes no sector do turismo.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.