Vivemos momentos difíceis. A pandemia deixou exposta a nossa pobreza, o impacto dos elevados impostos que pagamos e a incapacidade dos responsáveis políticos para actuar de forma apropriada em resposta à emergência médica e ao colapso económico.

O Município de Coimbra é um mau exemplo. Para os mais atentos, o Município tem gastado sem aparente justificação plausível dinheiro dos contribuintes na aquisição de bens não prioritários a empresas que aparentam apenas existir para concorrer a esses contratos.

A falta de transparência nos concursos, candidatos e decisões é uma constante, mas neste período pandémico as decisões tomadas são ainda mais chocantes, pelo abuso da flexibilidade oferecida para aumentar os montantes financeiros envolvidos nos contratos públicos sem que exista qualquer controlo ou supervisão.

Coimbra está a saque. Deveríamos exigir o uso apropriado dos impostos que tanto nos custa pagar. Na realidade, deveríamos estar a discutir como construir o futuro pós-pandemia… Mas tal é impossível. Especialmente com os actuais actores políticos. Estes estão de tal forma afastados da realidade e das dificuldades do dia-a-dia das populações que não fazem parte da solução. São parte do problema.

O que me leva a escrever isto? Quero mais e melhor para a minha comunidade. Quero preservar uma réstia de esperança no futuro. Quero imaginar Coimbra como uma região capaz de oferecer aos seus habitantes, especialmente aos jovens, a possibilidade de realizarem os seus sonhos, concretizarem as suas expectativas e ambicionarem uma vida ainda melhor para os seus filhos e netos.

Mas todos os dias sou confrontado com decisões políticas locais que levam ao saque da região dos seus jovens qualificados, porque aqui… parece não haver futuro.

É preciso perceber o que se está a passar na nossa região. A minha geração, nascida após a década de 80 do século passado, vive com grandes dificuldades, com trabalhos precários e baixos salários. A dependência económica de familiares é comum, a possibilidade de constituir poupanças uma miragem, quanto mais comprar casa ou constituir família.

Como se isso não fosse suficiente, a minha geração não confia nos serviços públicos porque todos os dias observa os mesmos falharem quando deles necessita: da educação à saúde, para não descrever a insegurança de saberem que não terão apoio da Segurança Social na sua velhice.

A realidade dos serviços públicos locais apenas realça esta constatação, seja pela elevada carga fiscal que inibe a iniciativa individual, o centralismo que acumula poder e impede verdadeiro escrutínio e a manipulação da concorrência por parte de um pequeno número de pessoas que protegem a mediocridade impossibilitando o sucesso através do mérito individual.

É o acumular de todas estas frustrações que os responsáveis pelo saque de Coimbra evitam discutir, confrontar e reverter. Estas frustrações não são as suas, pois não as vivem.

O elevador social está parado há mais de 20 anos. Poucos são os que pelo seu talento, trabalho e acção conseguem ultrapassar todos os obstáculos e viver uma vida melhor. A não ser que façam parte da máquina… partidária, das empresas-fantasma, das aprovações contratuais sem visto prévio, dos pequenos e grandes furtos aos contribuintes. Com isso destruindo o futuro dos restantes cidadãos e piorando a qualidade de vida de todos.

Devemos igualmente considerar o impacto negativo das cunhas, do compadrio, do acesso a bens e recursos públicos pelo nome que se tem, pelos seus contactos ou por quem conseguem influenciar… pela construção endogâmica de dinastias familiares em instituições-chave onde nada fazem mas tudo controlam.

Como alterar esta realidade? Como parar o saque de Coimbra? É preciso trazer novos rostos e experiências de mundo para a política local. Precisamos de todos quantos tenham criado riqueza ou empregos ou constituam/sejam exemplos de superação na sua vida privada. Precisamos de todos quantos conheçam outras realidades em diferentes contextos sociais, políticos e económicos e possam trazer essas experiências, ideias e capacidade de acção para construirmos um futuro de maior liberdade, sem os bloqueios de quem não quer deixar o passado e a estagnação.

A Iniciativa Liberal tudo fará localmente para ser parte da solução. Juntem-se a nós. Como Portugal precisa de Coimbra, Coimbra precisa de vós.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.