Caro leitor, se até hoje pouco ou nada ouviu falar de râguebi, leia este artigo. Se é um amante da modalidade, não perca o seu tempo, não vai aprender nada nas linhas que se seguem.
Reza a lenda que no início o século XIX, durante um jogo de futebol numa escola britânica, um tal de Webb Ellis pegou na bola com as mãos e desatou a correr desenfreadamente. Terá assim nascido aquilo que viria a ser a um desporto de culto, com milhões de praticantes e seguidores em todo o mundo: o râguebi. Em 1987, era criada a principal competição mundial de seleções da modalidade, a Taça do Mundo, à qual foi dada o nome “Webb Ellis” em homenagem ao suposto inventor do jogo.
Se está a equacionar pôr os seus filhos a fazer desporto, fique a saber que o râguebi é uma das melhores opções. Além do exercício físico, e de todos os benefícios que lhe estão associados, é das modalidades mais democráticas para atletas com diferentes recursos físicos. Na mesma equipa convivem os muito pesados, os mais leves, os muito altos, os mais baixos e ainda os atletas ditos normais. Todos atacam. Todos defendem. Todos se sacrificam uns pelos outros. Todos falham. Ninguém cobra erros. Todos “cobrem” os erros dos colegas. Todos são importantes para a equipa. A equipa são todos. Quando se perde, todos perdem. Quando se ganha, todos ganham.
Em Portugal, o râguebi é uma modalidade essencialmente amadora, o que, colocando desafios ao desenvolvimento do jogo, tem a vantagem de permitir à maior parte dos atletas compatibilizar os estudos, e até a vida profissional, com a prática da modalidade. É frequente dizer-se que os jovens jogadores de râguebi se tornam adultos com princípios. Na altura de recrutar, muitas empresas valorizam-nos pelo espírito de equipa, pelo sentido de compromisso, por saberem motivar-se e motivar os outros, por trabalharem bem sob pressão, por saberem fixar objetivos realistas e darem tudo para os alcançar. Não sei se arrisco em dizer que é uma modalidade que desenvolve bastante alguns vetores da inteligência emocional, como o autoconhecimento e o autocontrolo.
Em Portugal, o râguebi já conquistou feitos notáveis. Em 2007, a seleção nacional qualificou-se para a Taça do Mundo, sendo a única seleção amadora a fazê-lo. Vários emblemas nacionais já conquistaram a Taça Ibérica, derrotando equipas espanholas com outros recursos. Ainda no mês passado a seleção nacional de sub20 ganhou o campeonato da Europa da modalidade, graças a um grupo de jovens jogadores amadores, que trabalhou mais que os outros para atingir os seus objetivos.
O essencial do râguebi é isto. No estrangeiro, mas cá também. Pena que alguma imprensa, incluindo a desportiva, que normalmente não tem espaço para noticiar as vitórias que a modalidade consegue alcançar, e alguns opinadores, que pouco ou nada conhecem o jogo, não hesitem em explorar ad nauseum os maus momentos vividos na última semana. O râguebi vai dar a volta por cima.