Os critérios ESG estão a impor-se e a tornar-se norma entre os agentes económicos, apoiados na pressão da opinião pública e na ação do decisor político, especialmente na Europa, empurrado pela perceção dos eleitores e pela preocupação com a emergência ambiental e com as consequências da pandemia de Covid-19.

Isto acontece mesmo quando o enquadramento – as regras ainda não estão consolidadas – e as métricas – que permitem a avaliação e a comparabilidade – não estão completamente definidos, traduzindo uma aceleração do movimento. Vemo-lo nas intervenções públicas, nos programas políticos e na comunicação. No entanto, o grande desafio poderá ser enfrentado a partir de agora, se as consequências da guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia forem mais do que um abrandamento do crescimento económico, mas desaguarem numa crise, quando as economias ainda estão longe de recuperar dos efeitos da pandemia, o que é visível no aumento sustentado da inflação e na dificuldade de resposta das cadeias de abastecimento, que ainda não se ajustaram à procura, aos ditames do rescaldo da anterior crise e às mudanças constantes no quadro geopolítico.

A aceitação e a defesa dos critérios ESG tem por base as grandes organizações, que acabam por impor os seus processos, com tempo, a toda a cadeia de valor. São estas que sentem mais fortemente a pressão dos investidores e dos consumidores para reformarem as suas políticas, tornando-as mais sustentáveis. Os incentivos para as empresas mais pequenas são mais difusos e, por isso, o caminho é mais longo. Se os consumidores e os investidores se tornarem mais pragmáticos, porque, por exemplo, a disponibilidade (ou o preço) dos combustíveis a isso obriga, os objetivos políticos terão, também, tendência a ser reformulados, alinhando pela nova realidade. Facto é que os países europeus levantam as restrições à geração de energia a partir do carvão e encaram o nuclear – e bem – como uma solução para ajudar a garantir a independência energética face a uma Rússia belicista. Que mais ajustamentos serão feitos num mundo que gira, mais do que a diferentes velocidades, em diferentes ângulos?