Não há ativo mais valioso do que a reputação, e se é demorado, difícil e trabalhoso de conseguir, é muito fácil e rápido delapidá-lo. A investigação Luanda Leaks deve ter disparado em Portugal, na última semana, um grande número de alertas em gestão de crise onde a reputação está a ser certamente a maior preocupação de algumas das grandes marcas e empresas nacionais.
Neste caso, houve uma investigação internacional que denunciou questões complexas que podem destruir ou abalar a reputação de pessoas e marcas envolvidas. Aqui, o caso é tão difícil quanto grave e os seus efeitos já são visíveis, alguns no imediato, outros só a médio e longo prazo, mas que já começaram a retirar credibilidade a várias marcas e pessoas.
No entanto, no que toca à reputação nem sempre é assim. Muitas vezes, não são necessários escândalos nem casos de investigação policial para ser abalada. Por vezes é uma questão de azar, outras de desleixo e outras ainda de ingenuidade, mas só as grandes marcas se preocupam com este ativo e, na maior parte das vezes, só as grandes o conseguem trabalhar e gerir, antes ou durante uma crise – por alguma razão Isabel dos Santos procurou um dos mais caros escritórios de advogados do mundo.
Ainda assim, já diz o ditado que “quem não deve não teme”, portanto uma empresa ou marca que trabalhe o seu bom nome, terá mais facilidade em se defender perante um ataque deste tipo.
O caso Luanda Leaks trará certamente um problema reputacional também a Portugal, que é o país mais envolvido no processo. Resta saber se esse problema não será prejudicial para toda a economia nacional, sobretudo nas suas relações com o exterior, que precisam de credibilidade e segurança nos negócios.
Este será um caso interessante de seguir, não só para perceber as consequências da revelação da investigação, mas também para acompanhar a forma como cada marca vai gerir o seu mais valioso ativo. Ainda assim, este é sempre um trabalho de bastidores, que requer discrição, tempo e inteligência a cada passo dado.