Os discursos, no que toca aos resultados dos dados orçamentais e colateralmente relacionados, são sempre similares às declarações após um  jogo ganho a penaltis. E, para mais, com a máquina de propaganda do Governo socialista a fazer o papel do VAR (Video Assistant Referee ou videoárbitro) em causa própria.

Tal como o “Jornal Económico” (JE) noticiou, “o Banco de Portugal anunciou que o défice da balança de rendimentos primários registou uma diminuição de 355 milhões de euros, para um total de 644 milhões. Tendo a diminuição do défice resultado “do aumento dos rendimentos recebidos do exterior e da redução dos juros pagos a entidades não residentes”.

A redução dos ativos líquidos das contas nacionais face ao exterior em termos do saldo da balança financeira registou uma redução “no valor de 647 milhões de euros”. E para mais, segundo o JE, “os passivos conseguiram aumentar, refletindo o investimento dos não residentes, com títulos de dívida pública portuguesa e em sociedades não financeiras residentes”.

Como é natural, a maioria das notícias relacionadas surgiram com o título “Portugal com excedente orçamental de 0,4% no primeiro trimestre”. Mas mesmo essa leitura em ângulo mais positivo dos números, vistos numa perspectiva que demonstra o efeito aplicado nas contas nacionais revelado pela nossa Economia fortemente assente num comércio e num turismo liberalizados, suscitou um aviso do presidente da República. O qual afirmou que “é evidente que não há bela sem senão”, no sentido em que há setores que não tiveram, por parte deste Governo, a concretização de despesas sociais, guardadas para o período eleitoral que se seguirá.

Omissão essa que, mais uma vez e segundo Marcelo Rebelo de Sousa, revela uma gestão financeira que acaba “por atirar para o final do ano um conjunto, acerto e compensação de despesas quando já se tem a certeza de que o objetivo do défice está atingido”.

Para bom entendedor, estes parágrafos bastam. Quando Adelino Amaro da Costa foi eleito  deputado, transmitiu desde  logo uma certeza desde os primeiros momentos da sua actividade como deputado da então Assembleia Constituinte até ao Ministério da Defesa Nacional, cargo que ocupava quando teve a sua carreira política trágica e abruptamente interrompida  em  Camarate: “Uma Administração Pública para servir um Estado centralizado, burocrático e super-interveniente como é o requerido por diversos modelos de socialismo, não é o mesmo que uma Administração inserida num estado moderno, democrático e promotor como é aquele que aposta na revitalização da sociedade civil.”. A atualidade destas palavras, para além dos efeitos já demonstrados no passado, será infelizmente revelada no futuro próximo.

 

O Ministério da Justiça emitiu uma nota de desculpa, após a polémica suscitada pelo facto de a secretária de Estado ter culpado os cidadãos pelos atrasos na obtenção do documento de identificação. De acordo com a mesma: “O Governo reconhece que existiu nos últimos meses um problema de capacidade de resposta nos serviços de atendimento do Cartão de Cidadão e (…) importa esclarecer que o Governo não culpa os Cidadãos e assume as suas responsabilidades”. Ser necessário que uma secretária de Estado diga que não culpa os cidadãos pela incapacidade do Governo a que pertence, é revelador da distância astronómica entre este e a realidade vivida pelas pessoas.