É assustadora a realidade dos números referentes ao alojamento turístico em março e que os dados associados aos meses seguintes da pandemia apenas se encarregarão de confirmar e para pior ainda: um catastrófico decréscimo de 62,3% no número de hóspedes e de 58,7% nas dormidas de acordo com o INE, com o RevPAR (o rendimento médio por quarto disponível e o indicador que efetivamente mede a rentabilidade da operação para os hoteleiros) a cair de forma abrupta para 14,4 euros, menos 57,4%.

Obviamente, a estes números há que somar o impacto negativo na restauração, no comércio e na distribuição, recordando que o sector do turismo equivale a 14,6% do PIB nacional, 10% do PIB europeu. “Claro que este não vai ser um verão normal”, reconheceu há poucos dias de forma eufemística a responsável europeia, Margrethe Vestager, na apresentação de um pacote de recomendações da Comissão Europeia para os sectores do turismo e dos transportes. Efetivamente, esta época terá tudo para vir a ser o verdadeiro verão do nosso descontentamento, tendo em conta que o cancelamento de reservas por parte dos principais mercados emissores se prolonga para já e pelo menos até agosto, inclusive.

A Comissão rejeita os passaportes de imunidade, os corredores turísticos e as quarentenas obrigatórias, pretende a abertura das fronteiras e facilita as condições para as viagens aéreas, mas as diferentes regras impostas a nível nacional mantêm-se e os comportamentos associados ao medo obviamente contrariam o “whisful thinking” dos responsáveis europeus, que canalizaram apenas 8 mil milhões de euros para 100 mil empresas atingidas, no âmbito do Fundo Europeu de Investimento, a somar a  salvaguardas de postos de trabalho, garantidas por uma parte do programa SURE, no total de 100 mil milhões de euros.

Será preciso que em Portugal exista um forte estímulo ao turismo interno, uma alargada campanha “Vá para fora cá dentro” para assegurar a resiliência do sector, se queremos de alguma forma compensar a retirada de turistas estrangeiros. Porque muitos deles não voltarão tão cedo, se é que voltarão sequer. Porque também eles, agora, irão privilegiar fazer férias nos seus próprios países.

Por isso mesmo têm toda a importância campanhas como a recém-lançada “Chegou o Tempo”, promovida pelo Turismo do Centro, desafiando-nos a “sentir tudo como se fosse a primeira vez” e que pretende ser “motivacional”, “patriótica” e apelar “à cidadania”. Como esta, outras campanhas similares existem e estão já em produção. Resta agora, sempre ressalvando a indispensabilidade de manter a segurança, que consigamos recuperar a confiança e retomar os nossos hábitos de mobilidade.

 

 

escola negocios

Uma ótima notícia aquela que o Jornal Económico publicou muito recentemente, assinada por Almerinda Romeira, sobre a forma como as nossas escolas de negócios se adaptaram com muita facilidade às circunstâncias: “Reagiram. Ao ritmo de cada uma, estão a reinventar a oferta de formação para executivos, usando a atividade online e o ensino a distância”. Eis um ótimo exemplo de como conseguimos adaptar-nos e superar as dificuldades quando existe o know-how e a vontade. A formação executiva será cada vez mais digital e isso só pode ser visto como uma coisa boa.