“Em nenhuma circunstância os chineses vão controlar o que a EDP tem nos Estados Unidos”. A declaração, inequívoca, foi proferida pelo embaixador dos Estados Unidos em Portugal, na entrevista exclusiva que pode ler nas páginas 4 e 5 desta edição do Jornal Económico. As afirmações de George Glass – que foi nomeado para o cargo por Donald Trump – não deixam dúvidas sobre qual será a decisão das autoridades americanas. Os EUA não aceitam o controlo chinês no setor energético, que consideram crítico para a segurança nacional.

O que representa isto para a EDP? Como já aqui foi escrito, por muitas previsões que se possam fazer, a chave deste enigma reside naquilo que o governo de Pequim considerar ser o interesse nacional da China. Derrotada nesta OPA, a CTG vai desistir da EDP? Aceita dividir os ativos internacionais da EDP com outros investidores? Ou mantém-se como principal acionista numa lógica de longo prazo, fazendo jus à proverbial paciência chinesa e tirando proveito do seu efetivo poder de veto sobre as decisões estratégicas na elétrica? Afinal, a CTG pode não conseguir controlar a EDP a 100%, mas também ninguém pode comprar ou retalhar a empresa contra a sua vontade. E é precisamente este o risco que a EDP enfrenta. Demasiado grande e endividada para um país onde o capital escasseia, a EDP é o alvo ideal para investidores que a queiram partir aos bocados. Será o capital chinês a proteção que vai impedir a EDP de seguir o caminho de outros ‘campeões’ nacionais, como a PT ou a Cimpor? Ou, pelo contrário, serão os chineses a presidir a esse desmantelamento?