Não, não é um artigo sobre o Comendador Rui Nabeiro, embora se estenda também a ele o agradecimento.

O ministro Costa Silva, o único ministro que trabalhou numa empresa privada, disse recentemente que “Infelizmente, vivemos num país que, por motivos ideológicos, continua a hostilizar as empresas, especialmente as grandes empresas. Continua a considerar o lucro um pecado e nós temos de combater esses preconceitos”.

Esse preconceito ideológico leva a que muitos qualifiquem os empresários como exploradores da classe trabalhadora, mas não sabem do que falam verdadeiramente. Eles não estão lá quando é para despedir trabalhadores, por insuficiência de tesouraria, ou porque se perdeu um cliente apesar do esforço efectuado pelo empresário para o manter.

Quando o empresário renuncia à sua família para levar o negócio empresarial avante. Se o negócio corre mal, todos aqueles que os criticam sabem como levar o negócio melhor. Se o negócio corre bem é porque os empresários são uns trafulhas e de certeza que enganaram alguém, ou pior, porque tiveram sorte.

Todo o sistema legal protege os trabalhadores e os empresários vivem bem com isso. Mas ninguém protege os empresários. Criar uma empresa é uma aventura, com risco! A recompensa é tão grande como o risco de perda.

Vivemos numa sociedade em que o empresário não é bem visto ou quisto. Muitas vezes, o empresário é visto como o inimigo a abater. É normal julgar a empresa e os que a dirigem. Todos querem que o Estado os apoie, menos aos empresários.

Os empresários não estão nas ruas a manifestar-se, não estão contra ninguém, apenas defendem o que são. Saber desenvolver negócios, criar empregos e riqueza é uma arte. Empreender é um estilo de vida. Liderar um negócio é um privilégio (não no sentido pejorativo) que poucos podem compreender. Conciliar a gestão de uma empresa com a família, com o sonho de ter uma vida melhor.

Neste país, os empresários são pessoas íntegras, apaixonadas e trabalhadoras. É o momento de colar a empresa e o empresário no lugar que merecem. Um país que não aposta nos seus empresários é um país votado ao fracasso.

Alguém que arrisca tudo por algo que crê. E quando se chega a alcançar o sonho, o empresário não deve ter vergonha de reconhecer o êxito, de viver bem porque o empresário trabalhou para o alcançar. É dele, é sua propriedade privada! A empresa é desenvolvimento, é sociedade, é inconformismo, é emprego, é contribuição.

Inspirei-me neste texto num vídeo promocional espanhol, em que os empresários espanhóis sentem o mesmo do que eu, sem ter em conta a inveja tão estruturalmente cultural neste país, cego pela ideologia.

O ataque à propriedade privada e ao alojamento local neste pacote habitacional, o ataque aos agricultores, à distribuição, sempre contra o lucro, confundindo amiúde margens brutas com margens líquidas, não percebendo o efeito do aumento inusitado do custos dos factores de produção, a enorme carga fiscal, com impostos, taxas e taxinhas, com coimas por contraordenações sobre ilícitos que o Estado reiteradamente incumpre, reversão fiscal contra os administradores e gerentes que apenas tentaram salvar os postos de trabalho, os bancos a exigirem fianças e avales pessoais por dívidas das empresas, aproveitando-se de situações desequilibradas, tudo ao arrepio do instituto da responsabilidade limitada das sociedades, contribuições extraordinárias sobre tudo o que mexe e que se convertem normalmente em definitivas, etc…

A inveja típica de uma sociedade de invejosos e delatores, de quem nunca arriscaria nada mas que quer sempre aproveitar-se do trabalho dos outros, sempre com a mediação do Estado, esquecendo que não há dinheiro do Estado, há só dinheiro dos contribuintes…! Quem protege os empresários?

Há muitos comendadores Nabeiros por esse país fora e a todos um muito obrigado! Por criarem riqueza, por pagarem impostos (sobre o lucro), por criarem postos de trabalho, por trabalharem arriscando e por sofrerem em silêncio contra o Estado e contra uma sociedade que julga que não precisa deles. Obrigado, Senhor empresário!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.