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OCDE admite que aumento da inflação pode persistir durante “algum tempo”

OCDE estima que os preços globais das ‘commodities’ em julho e agosto deste ano foram cerca de 55% mais altos do que no ano anterior. Organização admite que os aumentos dos preços das matérias-primas irá “demorar a desaparecer”.
21 Setembro 2021, 18h00

Os preços mais altos das commodities e os custos de transporte são os responsáveis por grande parte da aceleração observada na inflação dos preços de importação e dos preços ao consumidor no ano passado. A conclusão é da OCDE, que nas projeções económicas intercalares divulgadas esta terça-feira, admite que estes efeitos podem persistir durante “algum tempo”, estimando que estes aumentos estão a adicionar cerca de 11 pontos percentuais à inflação anual dos preços de importação de mercadorias nas economias do G20 e cerca de 1,5 pontos percentuais à inflação anual dos preços ao consumidor.

“Pressões de custo persistentes, mas em última análise transitórias, podem elevar a inflação por um período sustentado”, avisa o relatório da organização, que olha para o impacto da inflação no G20, no qual recorda que “a forte recuperação na procura global, interrupções nas cadeias de fornecimento e stocks esgotados aumentaram os preços das commodities e os custos de transporte em todo o mundo, particularmente na América do Norte e na Europa”.

Segundo a fotografia da OCDE, os preços globais das commodities em julho e agosto deste ano foram cerca de 55% mais altos do que no ano anterior. “Os preços do petróleo voltaram ao nível pré-pandémico; os preços dos metais subiram devido à forte procura na China e nas economias desenvolvidas; e os preços globais dos alimentos atingiram o nível mais alto numa década, devido à forte procura e interrupções na produção relacionadas com o clima nas principais economias exportadoras de alimentos”, enumeram os economistas da organização, apontam ainda a subida das taxas de frete dos contentores.

Desta forma, o efeito geral do recente aumento nas pressões dos custos globais sobre a inflação dos preços ao consumidor nos países do G20 depende do impacto dos preços mais alto das commodities e dos custos de transporte sobre a inflação dos preços de importação de mercadorias e do subsequente reflexo para os preços ao consumidor.

O cenário central da OCDE  assume que os custos de transporte aumenta pouco mais de 25% no quarto trimestre de 2021, em linha com as taxas de crescimento verificadas no segundo trimestre, antes de estabilizarem no primeiro semestre de 2022 e moderar em relação ao nível anterior à pandemia, e que os preços das commodities são mantidos estáveis no nível médio em julho e agosto de 2021, conforme convencionalmente assumido nas projeções da OCDE.

Ainda assim, admite que os aumentos dos preços das matérias-primas irá “demorar a desaparecer”, refletindo quer a inércia nos reajustes de preços, quer o impacto que a inflação tem sobre as expectativas do setor privados. Contudo, espera que estes fatores tenho menos peso do que anteriormente, especialmente nas economias avançadas, refletindo o papel da política monetária e a retirada dos mecanismos de indexação de salários e preços.

Inflação na zona euro deverá cair no próximo ano

Apesar do aumento generalizado da inflação nos países do G20, a OCDE considera que na zona euro continuam “relativamente baixa”. Nas estimativas da organização, a taxa de inflação no G20 deverá subir para 3,7% este ano e para 3,9% em 2022, atingindo 3,6% este ano nos EUA e caindo para 3,1% no próximo ano.

Já para a zona euro, a OCDE projeta um aumento da inflação para 2,1% este ano, mais 0,3 p.p. do que estimava em maio, caindo para 1,9% em 2022. Prevê ainda que a inflação subjacente aumente para 1,4% este ano e para 1,5% no próximo ano.

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