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OCDE ligeiramente mais otimista: economia mundial terá recessão de 4,5% e zona euro contrai 7,9% este ano

OCDE diz que a queda global na produção é menor do que o esperado, mas alerta para as diferenças consideráveis entre países. Para o próximo ano, projeta uma recuperação da economia mundial de 5% e na zona euro de 5,1%.
16 Setembro 2020, 10h00

Continua a ser a maior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial, mas a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) melhorou ligeiramente as projeções para a quebra do crescimento da economia mundial, projetando agora uma recessão de 4,5% este ano, antes de melhorar para um crescimento de 5% em 2021.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado esta quarta-feira, a instituição liderada por Ángel Gurría revê as projeções face a junho, quando estimava uma recessão da economia mundial de 6%. Para a zona euro, estima agora uma contração de 7,9% este ano, face aos 9,1% do último relatório, com uma recuperação de 5,1% em 2021.

“A queda na produção global em 2020 é menor do que o esperado, embora ainda sem precedentes na história recente, mas oculta diferenças consideráveis entre países, com revisões em alta na China, nos Estados Unidos e na Europa, mas resultados mais fracos do que o estimado na Índia, México e África do Sul”, assinala a OCDE no relatório.

Destacando que as projeções pressupõem que surtos locais esporádicos irão continuar, assume que a resposta passará por soluções localizadas e não por novas quarentenas, estando também subjacente aos cenários construídos que uma vacina não estará amplamente disponível antes do final de 2021.

A OCDE estima que na maioria das economias, o nível de produção no final do próximo ano deverá continuar abaixo do registado no final de 2019, a OCDE realça os “custos duradouros” da pandemia, referindo, contudo, que se a ameaça do vírus desaparecer “mais rapidamente” do que o esperado, um aumento da confiança pode impulsionar a atividade global “significativamente” no próximo ano.

“No entanto, um ressurgimento mais forte do vírus, ou medidas de contenção mais rigorosas, poderiam cortar 2-3 pontos percentuais do crescimento global em 2021, com um maior desemprego e um período prolongado de fraco investimento”, refere, salientando que “o apoio à política orçamental, monetária e estrutural deve ser mantido para preservar a confiança e limitar a incerteza, mas evoluir com condições económicas subjacentes”.

Apesar da ligeira melhoria nas projeções de crescimento para este ano, a OCDE continua a prever um tombo acentuado do crescimento económico. Na zona euro, estima que neste ano o PIB da Alemanha encolha 5,4% (a recuperar 4,6% em 2021), de França – 9,5% (a crescer 5,8% em 2021) e de Itália – 10,5% a aumentar 5,4% em 2021). Para o G20 projeta uma contração da economia de 4,1%, para depois recuperar 5,7% em 2021, enquanto na China vê agora o PIB a crescer 1,8% este ano (face aos -2,6% previstos em julho).

Incerteza leva a construção de dois cenários

A incerteza acentuada em torno dos desenvolvimentos da pandemia, leva a OCDE a incluir dois cenários alternativos. No cenário mais otimista – que intitula como o do “ressurgimento da confiança” -, no qual prevê um controlo da pandemia, traduzido por um aumento da confiança dos consumidores e empresas, com o impacto a refletir-se nas projeções para o próximo ano.

Estima neste cenário um crescimento de cerca de dois pontos percentuais face ao cenário base, em 2021, com um crescimento do comércio mundial de 6%, impulsionando as exportações em todas as economias.

Já no cenário adverso, que inclui elevada incerteza e um ressurgimento generalizado das infeções associadas à pandemia, estima que a confiança dos consumidores recue à medida que o vírus aumente de intensidade, levando a um crescimento da poupança das famílias. Neste cenário prevê uma queda do PIB de 3,25% no pico do choque (face ao cenário base), com um impacto na redução do crescimento da economia em 2021 entre 2,5 e 3 pontos percentuais.

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