Criar uma marca de raiz é muito mais difícil do que eu pensei que fosse. E sei-o porque o fiz. Quando deixei o jornalismo, decidi criar uma marca de roupa de criança online, porque sou uma compradora online em tudo o que posso e achei que esse seria o caminho certo. Quis fazer uma coisa a sério. Depois de dez anos a escrever e a falar em papel e televisão sobre marcas, não fazia sentido outra coisa. Portanto, não bastava uma página de Facebook e um nome engraçado. Era preciso um pouco mais.

Registei o nome, criei o logótipo, a página online, uma estória, um fio condutor que unisse o design das peças, as crianças e os pais e, claro, a roupa. Parece fácil mas não é. Ainda não passou um ano e tenho aprendido tanto com este projeto quanto um curso me poderia dar, acreditem.

Hoje respeito ainda mais as marcas, as grandes, mas sobretudo as pequenas. Porque a luta é maior e diária. Porque neste país tão pequeno fazem-se coisas fantásticas, que, todos os dias, me deixam boquiaberta. Porque nós, portugueses, como consumidores, também valorizamos cada vez mais esses detalhes, essa dedicação exclusiva e personalizada, o Made in Portugal. Foi aliás esse um dos motivos que me levou a meter-me nesta aventura. O ter um gosto particular por comprar português.

A maior dificuldade foi saber o que fazer, como e onde, saber quais as obrigatoriedades legais do negócio e fazer tudo sozinha. Algumas instituições em Portugal funcionam bem, há que dizê-lo, mas a burocracia ainda é um mal que nos assiste a todos. E ter uma ideia não basta. É preciso saber colocá-la em prática e isso não se consegue gratuitamente – um problema para as pequenas marcas. Por isso, serve este texto para lhes fazer um elogio rasgado, para dizer que há espaço para todas as marcas, sem exceção, grandes, médias e pequenas, e que o esforço de quem faz bem merece ser reconhecido.

Quando me embrulhei neste projeto achei que, sendo uma marca maioritariamente online, seria fácil de gerir à distância de um clique. Não como aqueles anúncios em que se consegue alegremente ir ao banco (no tablet) e estar ao mesmo tempo refastelado no sofá, mas quase. Nada disso. Quando se quer uma coisa bem-feita dá trabalho.  Mais do que inicialmente eu pensava, mas o reconhecimento de um projeto nosso é altamente compensador. Muito mais do que eu pensava. E isso é o que faz toda esta aventura valer a pena.