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Oferta da TAP no próximo inverno aumenta para 80% dos níveis registados em 2019

A tendência de recuperação da atividade da TAP vai acentuar-se no próximo Inverno, sabe o Jornal Económico. Esta situação conforta a presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, que hoje será ouvida numa comissão eventual no Parlamento.
14 Setembro 2021, 16h22

As perspetivas que a TAP tem para o próximo Inverno revelam tendência para uma melhoria gradual da atividade da transportadora aérea, admitindo que a sua oferta de mercado, no pico do Inverno, equivalerá a 80% da oferta que tinha no Inverno de 2019, anterior aos efeitos da pandemia de Covid-19, sabe o Jornal Económico.

Além do aumento da capacidade de transporte da TAP no quarto trimestre de 2021 e no primeiro trimestre de 2022, a companhia aérea ganhou “fôlego” com a dilatação do prazo de pagamento do empréstimo de 1,2 mil milhões de euros assegurado pelo Estado, o que permite encarar com maior tranquilidade a resposta de Bruxelas à situação da empresa e ao respetivo Plano de Reestruturação. São estas as principais “balizas” conhecidas para a atividade da TAP que podem orientar a audição por video-conferência da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e do processo de recuperação económica e social, agendada para esta terça-feira, 14 de setembro, às 16h00.

Assim, a TAP já esclareceu o mercado sobre a data de reembolso do empréstimo que lhe foi concedido ao abrigo do contrato de financiamento celebrado, entre outros, entre a República Portuguesa, na qualidade de mutuante, e a TAP, na qualidade de mutuária, em 17 de julho de 2020, no montante de 1,2 mil milhões de euros, informando que “a referida data de reembolso foi objeto de prorrogação”, especificou a companhia.

Desta forma, “o prazo de reembolso do empréstimo que foi concedido à TAP ao abrigo do contrato de financiamento termina a 31 de dezembro de 2021 (e não a 1 de setembro de 2021 como inicialmente previsto) em caso de não adoção de decisão final pela Comissão Europeia sobre o auxílio à reestruturação até aquela data”, informou a companhia aérea.

“Caso seja adotada decisão final favorável pela Comissão Europeia sobre o auxílio à reestruturação até 31 de dezembro de 2021, mantém-se como data de reembolso do mencionado empréstimo aquela que vier a ser fixada no plano de reestruturação do Grupo TAP aprovado pela Comissão Europeia”, adiantou.

Recorde-se que a Comissão Europeia adotou duas decisões distintas sobre a TAP. Primeiro, reaprovou o empréstimo de resgate de 1,2 mil milhões de euros à TAP SGPS, especificando ainda mais as razões para a aprovação do auxílio (relacionadas com a situação do Grupo TAP e dos seus acionistas em junho de 2020).

Esta nova decisão da Comissão Europeia (CE) confirmou a anterior decisão adotada por Bruxelas em 10 de junho de 2020. Relativamente ao Plano de Reestruturação do Grupo TAP – no âmbito do qual Portugal notificou à CE um auxílio à reestruturação de 3,2 mil milhões de euros, com o objetivo de financiar o plano de reestruturação de TAP SGPS –, foi definido um pacote de medidas para racionalizar a operação da TAP e reduzir custos.

Na sequência da notificação, a Comissão Europeia decidiu abrir uma investigação aprofundada para “avaliar mais aprofundadamente se o plano de reestruturação proposto e o auxílio relacionado” se enquadra nas condições de mercado.

“Esta investigação é um processo estabelecido nas regras europeias aplicáveis e dará a Portugal e a terceiros interessados a oportunidade de apresentarem comentários”, refere a TAP. Recorde-se igualmente que no seguimento da implementação do Plano de Reestruturação e na sequência da celebração dos “Acordos Temporários de Emergência com Sindicatos” e da declaração da TAP como empresa em situação económica difícil, a TAP implementou um conjunto de medidas laborais de forma voluntária e consensual aos seus colaboradores.

Em consequência, o objetivo de downsizing do plano de reestruturação “foi ajustado em baixa para 124 colaboradores (cerca de 94% do objetivo original). Estes colaboradores estão distribuídos pelos principais grupos profissionais da TAP”, refere a transportadora aérea.

Assim, “a TAP deu início a um processo de despedimento coletivo envolvendo estes 124 colaboradores. Atualmente, e após a adesão de 42 colaboradores às medidas voluntárias, o processo coletivo de demissão visa apenas 82 colaboradores”, referiu a empresa.

Ao nível financeiro, e no que se refere à emissão obrigacionista, a Assembleia Geral da transportadora aérea aprovou a proposta apresentada pelo Conselho de Administração da TAP, a qual foi aprovada com 96,46% dos votos expressos, de alteração dos termos e condições das “Obrigações TAP 2019-2023”, através da “supressão de uma cláusula que determinava o direito dos bondholders de solicitarem o reembolso antecipado de seus títulos se, ao final de cada exercício e até o vencimento, o índice de alavancagem (ajustado) for ultrapassado”, explica a TAP.

Por outro lado, também recentemente – em maio de 2021 –, sobre o a proposta da TAP de insolvência da SPdH -Serviços Portugueses de Handling, designada como a Groundforce, o tribunal decidiu declarar a insolvência da SPdH. “Sem prejuízo da possibilidade de recurso da decisão do tribunal nos termos das disposições legais aplicáveis, decorrerão as etapas processuais do processo de insolvência, sendo de realçar que a declaração de insolvência não determina, por si só, a extinção dos acordos de contratação com trabalhadores, nem da suspensão dos contratos de prestação de serviços de longa duração da SPdH, incluindo o contrato de assistência em escala com a TAP”, diz a companhia aérea.

Recorde-se ainda que o resultado líquido da TAP no primeiro semestre de 2021 foi negativo em 493,1 milhões de euros, o que representa um aumento de 88,8 milhões de euros quando comparado com o período homólogo de 2020. As rúbricas mais relevantes foram os juros (-149,2 milhões de euros) e as diferenças de câmbio (-62,8 milhões de euros), que estão na sua maior parte relacionadas com a depreciação do euro face ao dólar. Pela positiva, destacou-se o maior contributo (depois de EBIT) do valor positivo do over hedge de jet fuel de 8,7 milhões de euros, segundo refere a TAP.

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