Teresa Fiúza, Chief Investment Officer do Banco Português de Fomento (BPF), na apresentação dos 100 dias do trabalho da nova administração, fez o balanço dos programas Consolidar, o Venture Capital e os fundos de coinvestimento público-privado até 31 de março deste ano.
O ‘Consolidar’ é um programa de capitalização das empresas que é desenvolvido em conjunto entre o Estado e instituições privadas (sociedades de private equity). O objetivo do programa é “desfragmentar” o universo das pequenas e médias empresas e mid caps (e é transversal a vários sectores). Isto é, os fundos de capital de risco criados vão investir na consolidação dessas empresas de pequena dimensão.
No Programa Consolidar a administradora do BPF explicou que chegando ao final da meta o banco tem a possibilidade de fazer haircuts nas dotações das sociedades de capital de risco que estão mais atrasadas e simultaneamente fazer top-ups às que estão mais adiantadas.
No que toca ao Programa Consolidar, a meta de execução era de 60% de capital subscrito do FdCR até ao fim de 2024.
“Temos seis fundos que cumpriram a segunda Meta de Execução Intercalar do Programa Consolidar a 31 de dezembro de 2024, ou seja, fundos que tenham investido, em Beneficiários Finais elegíveis, pelo menos 60% do capital subscrito do FdCR”, disse Teresa Fiúza.
Esses seis fundos são os geridos pela Core Capital; pela Crest; pela Fortitude; pela 3xP Global; pela Horizon Euqity Partners e pela Oxy Capital.
A Chief Investment Officer do Banco de Fomento revelou ainda que no primeiro trimestre deste ano “juntámos mais dois fundos [de private equity] que aceleraram e cumpriram a meta de investimento [em empresas] de 60% do capital subscrito do FdCR”. Referindo-se aos fundos geridos pela Growth e pela Inter-Risco.
“Em termos de meta de execução do PRR passámos de 43% (196 milhões de euros) em 31 de dezembro de 2024 para 56% (258 milhões de euros) em 31 de março de 2025”, revelou Teresa Fiúza.
O programa ‘Consolidar’ tinha uma dotação orçamental (do Plano de Recuperação e Resiliência) de 250 milhões de euros e o próprio Banco de Fomento decidiu passá-la para 500 milhões de euros, realizado através de fundos de capital de risco geridos por intermediários financeiros (inicialmente eram ao todo 14).
Das 14 Sociedades de Capital de Risco selecionadas para investimento, 11 asseguraram condições para, até 31 de julho de 2023, realizarem a primeira subscrição com envolvimento do FdCR. As outra três sociedades de capital de risco que tinham sido selecionadas – Draycott, ECS Capital e Portugal Capital Ventures –, por especificidades de cada sociedade, desistiram e deixaram de estar em processo de contratação. Os valores alocados a estas três SCR foram então descativados e alocados aos restantes candidatos selecionados.
A duração do instrumento é até ao final de 2030 e o período de investimento tem de ser concluído até ao fim de 2025. Isto significa que os fundos de capital de risco vão entrar no capital das empresas até 2025 e têm de sair até 2030, “exceto em condições particulares que o justifiquem na altura”, explicou na altura o Banco Português de Fomento.
O dinheiro dos participantes dos fundos é adiantado por tranches à medida que são feitos os investimentos das capitais de risco, sendo que o dinheiro atribuído através do programa ‘Consolidar’ que já tenha sido pago mas que não esteja investido até 2025 tem que ser devolvido, esclareceu na altura o Banco Português de Fomento (BPF).
Não é novidade que o investimento nos fundos de capital de risco será “obrigatoriamente acompanhado de investimento privado, com uma comparticipação de, pelo menos, 30% do capital total de cada fundo”.
Assim, o total dos fundos a subscrever tem, no mínimo, uma dotação global disponível de 752 milhões de euros para capitalizar empresas, promovendo o crescimento, expansão e consolidação das PME e mid caps.
Programa Venture Capital
Este Programa de Venture Capital destina-se a apoiar a subscrição de fundos de capital de risco para investimento em empresas, fomentando a constituição e/ou capitalização empresarial, prioritariamente nas fases de arranque (pré-seed, seed, start-up, later stage venture – séries A, B e C ou scale-up); e a promover a entrada em mercado e o crescimento/expansão de empresas viáveis através do desenvolvimento de novos produtos/serviços ou mercados, ou do reforço e profissionalização do quadro de pessoal, incluindo a equipa de gestão, dos Beneficiários Finais.
Este é um programa destinado a fundos de venture capital (que investem em startups) e a meta era que os fundos escolhidos no programa tivesse investido, em Beneficiários Finais elegíveis, pelo menos 60% do capital subscrito do FdCR.
“Aqui o panorama no final do ano revelava que estávamos muito atrasados e concentramo-nos em acelerar o esforço de investimento destas sociedades (fundos) em empresas portuguesas. Nesta meta de execução, garantimos a 31 de março deste ano, que cinco fundos conseguissem cumprir essa meta de investimento de pelo menos 60% do capital subscrito do FdCR”, referiu Teresa Fiúza.
Cinco fundos cumpriram a meta de execução intercalar a 31 de março de 2025, foram os fundos geridos pela Alea; ISQ; Magnify; Oxy e Portugal Ventures.
No Programa Venture Capital, em termos de execução do PRR global “passámos de 25% (65 milhões) em 31 de dezembro de 2024 para 51% (131 milhões) em 31 de março deste ano, e este esforço não está acabado pois vamos voltar a falar com as sociedades em maio, já que o que queremos é garantir que, até 31 de dezembro de 2025, esse investimento seja feito e bem feito em empresas portuguesas”, disse Teresa Fiúza.
O Banco de Fomento selecionou inicialmente 16 capitais de risco para operacionalizarem o Programa de Venture Capital. Estas sociedades iriam receber 400 milhões de euros do Fundo de Capitalização e Resiliência, para potenciarem um investimento de 652,25 milhões na capitalização de empresas viáveis. Mas nesta fase já só estão no Programa 12 sociedades que constituíram fundos de venture capital.
O Banco Português de Fomento quer acelerar a execução do Fundo de Capitalização e Resiliência, abrangendo iniciativas como o programa Consolidar, o Venture Capital e os fundos de coinvestimento público-privado, com o apoio da Portugal Ventures, que verá reforçado o seu papel no apoio à inovação e ao empreendedorismo nacional, segundo revelou a instituição.
Programas diretos do BPF
A administradora do BPF apresentou ainda o balanço dos programas diretos do banco (Programa de Recapitalização Estratégica e Programa Deal-by-Deal), portanto sem parcerias com sociedades de capital de risco. Ambos com uma dotação global cada de até 200 milhões de euros.
O programa de Coinvestimento Deal-by-Deal destina-se a efetuar operações de investimento/financiamento direto em empresas (Beneficiários Finais das operações de investimento do FdCR), em coinvestimento com investidores privados.
O programa de Recapitalização Estratégica serve para reforçar a solvência das empresas afetadas pela pandemia; contribuir para a solução do problema de subcapitalização do tecido empresarial português, promovendo o aumento da autonomia financeira das empresas; colmatar a falha de mercado no que diz respeito a acesso a instrumentos financeiros e de capital por parte das empresas; fomentar o investimento das empresas para o relançamento da economia; apoiar a consolidação empresarial em setores estratégicos, atendendo a que o mercado se encontra fortemente fragmentado; e promover a resiliência financeira do tecido económico português, conferindo-lhe as ferramentas para corresponder aos desafios das prioridades europeias e nacionais da dupla transição climática e digital.
Teresa Fiúza disse que são programas que estão a ter “execuções baixas”, mas “estamos a reforçar fortemente o pipeline e esperamos no próximo trimestre trazermos notícias mais simpáticas nesta matéria, estamos muito comprometidos e ativamente à procura junto dos nossos parceiros, sejam os co-investidores, sejam as próprias empresas”.
“Quanto ao programa de capital participativo dos Açores, é um programa especial, com uma dotação de 20 milhões de euros, também vai investir até ao final deste ano, com saídas previstas até 2031, nós temos nesta fase 39 operações aprovadas, das quais 30 já concretizadas, ou seja, já investidas, e 6,1 milhões de euros de operações aprovadas e 4,9 milhões de euros de operações já concretizadas, são tickets pequeninos, mas muito importantes para a economia local da região do Açores”, concluiu Teresa Fiúza.
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