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Olivais podem ser ativos económicos através dos créditos de carbono

O Conselho Oleícola Internacional abriu esta quinta-feira as inscrições para a fase piloto do projeto ‘Carbon Balance’ que tem como término o dia 30 de maio. Saiba como concorrer.
Nuno Miguel Silva
24 Abril 2025, 13h38

O Conselho Oleícola Internacional (COI) vai promover um projeto que tem por objetivo “avaliar a capacidade dos olivais como sumidouros naturais de dióxido de carbono (CO2)”, estando ainda a ser ponderada a hipótese de transformar o valor criado “num ativo económico para os produtores através da venda de créditos de carbono em mercados voluntários”.

A organização abriu esta quinta-feira as inscrições para a fase piloto do projeto ‘Carbon Balance’ que tem como término o dia 30 de maio.

“Esta fase piloto é um passo fundamental no desenvolvimento de uma metodologia científica e de ferramentas específicas para o setor olivícola que permitirão aos produtores, cooperativas, investigadores e técnicos calcular rigorosamente o balanço líquido de carbono dos seus olivais”, disse o diretor executivo do COI, Jaime Lillo.

A organização destaca a capacidade que os olivais possuem ao nível da absorção de dióxido de carbono da atmosfera e também no seu armazenamento “estável e permanente, tanto na sua estrutura, devido à sua longevidade, como no solo, aumentando o teor de matéria orgânica através de práticas agronómicas sustentáveis”.

O COI sublinha que anteriormente a agricultura era “considerada exclusivamente um setor emissor” de gases com efeito de estufa, algo que se veio a alterar com um relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) de 2023 que “reconheceu a capacidade [da agricultura] de absorção de dióxido de carbono” o que abriu “novas oportunidades financeiras” para setores como o do azeite.

O projeto ‘Carbon Balance’ tem um foco internacional sendo que a sua metodologia “pode ser aplicada a qualquer olival” do mundo, uma vez que “pretende ser uma referência compatível” com vários quadros regulatórios, como os da União Europeia, dos Estados Unidos, do Norte de África e da América Latina.

No projeto podem participar agricultores, cooperativas, associações, universidades e operadores do setor. A utilização da ferramenta será gratuita mas serão necessárias informações  sobre o olival, onde se inclui por exemplo a localização, a superfície, a variedade, e o maneio agronómico.

“Além disso, durante a fase piloto, os participantes receberão sessões virtuais de formação e assistência técnica. Os interessados ​​apenas necessitam de preencher um formulário online, que solicitará informações básicas sobre a exploração ou o sistema agrícola que pretendem avaliar. Os dados recolhidos e o feedback dos participantes durante esta fase piloto serão utilizados para validar o software e a metodologia e ajustar a sua funcionalidade antes do lançamento oficial”, refere o COI.

A 4 de junho o COI vai organizar uma sessão de formação técnica, presencial e online, para todos os participantes, onde será explicada a metodologia e o modo de utilização da ferramenta de cálculo.

“Durante os meses de verão, serão analisados ​​os dados e o feedback recolhidos durante a fase piloto. Em novembro, coincidindo com o Dia Mundial da Azeitona, apresentaremos os resultados do projeto piloto e publicaremos a versão validada do sistema, com o objetivo de permitir que este seja aprovado pelas autoridades europeias e integrado nos esquemas oficiais de certificação”, explica a organização.

O COI diz ainda que através deste projeto ‘Carbon Balance’ se pretende “facilitar o acesso universal de todos os olivicultores às oportunidades financeiras oferecidas pelos mercados voluntários de carbono, reduzindo as barreiras técnicas e económicas de entrada com ferramentas específicas para o cultivo de azeitonas que sejam universalmente acessíveis, gratuitas, fáceis de utilizar, robustas e fiáveis, com base no melhor conhecimento científico disponível”.

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