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OMS diz que ainda é cedo para a terceira dose da vacina: “Há um debate sobre se são realmente eficazes”

Enquanto os países mais pobres continuam com dificuldades de acesso às vacinas contra a Covid-19, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde apela que os países mais ricos aguardem pela administração de terceiras doses.
23 Agosto 2021, 12h02

Numa altura em que cada vez mais países promovem a administração de uma terceira dose das vacinas anti-Covid, o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus voltou a reforçar o apelo lançado no início do mês onde pediu que as doses de reforço fossem adiadas, uma vez que a prioridade deveria ser dada ao aumento das taxas de vacinação em países onde apenas 1% ou 2% da população foi inoculada.

Durante uma visita a Budapeste, esta segunda-feira, Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu que se as taxas de vacinação não aumentarem a nível global, variantes mais fortes do novo coronavírus poderão desenvolver-se e, por isso, as vacinas destinadas às doses de reforço devem ser doadas a países onde as pessoas não receberam ainda a primeira ou a segunda doses da vacina.

“Além disso, há um debate sobre se as injeções de reforço são realmente eficazes”, disse Ghebreyesus em conferência de imprensa com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto. No mesmo momento, o responsável acrescentou que aqueles cujo sistema imunitário pode ser comprometido pelo vírus devem receber uma injeção de reforço, embora representem apenas uma pequena percentagem da população, acrescentou.

No início do mês, o governante já tinha reforçado o apelo uma vez que países como Israel, Hungria, Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos e alguns países da Ásia e América Latina já revelavam inteções de avançar com um reforço na vacinação. Na altura, Ghebreyesus afirmou que “necessitamos urgentemente de mudar as coisas: [passar] de uma maioria de vacinas para os países ricos para uma maioria [de vacinas] para os países pobres”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que a moratória nesta terceira dose deve durar “pelo menos até ao fim de setembro”.

Este domingo, as autoridades de saúde israelitas revelaram que uma terceira dose da vacina da Pfizer/BioNTech melhorou significativamente a proteção contra infecções e a casos graves de Covid-19 entre pessoas com 60 anos ou mais em comparação com aqueles que receberam duas doses. Os dados avançados pelo Instituto Gertner de Israel eKI Institute garantem que nesta faixa etária o reforço da proteção contra o vírus fornecido a partir de dez dias após uma terceira dose foi quatro vezes maior do que após duas doses.

Israel começou a administrar a terceira dose para maiores de 60 anos em 30 de julho. Na quinta-feira, diminuiu a idade de elegibilidade para mais de 40, e incluiu mulheres grávidas, professores e profissionais de saúde com idade inferior.

A OMS argumenta que é preciso priorizar os países que ainda não conseguiram administrar doses à sua população, até que se chegue a ao menos 10% das pessoas vacinadas em todos os países, em vez de usar o suprimento global para reforçar a vacinação internamente

“Eu entendo a preocupação de todos os governos em proteger as populações contra a variante Delta, mas não podemos aceitar países que já usaram a maior parte do fornecimento global de vacinas a usar ainda mais doses”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em Portugal, numa altura em que mais de 70% da população já tem a vacinação completa, a Direção-Geral de Saúde (DGS) e o Governo remetem a decisão oficial para a Agência Europeia do Medicamento (EMA) que deverá divulgar um parecer em breve.

“Vamos seguir aquilo que seja a aprovação da EMA para uma eventual terceira dose de vacina e a aprovação de uma terceira dose ainda não está nas orientações da EMA. O que alguns países referem é que, caso essa situação se verifique, avançarão nesse sentido. Nós aguardamos essa decisão”, afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, numa entrevista à SIC.

A governante lembrou também que devem ser conhecidos os resultados de alguns estudos no final deste mês e que essas informações serão tidas em conta, bem como o “conhecimento de que os indivíduos não têm uma resposta imunitária igual” perante o vírus SARS-CoV-2.

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