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ONU e OEA pedem esclarecimentos ao Brasil pela falta de segurança pública

O Brasil vai ter de responder, até 20 de agosto, a um pedido de esclarecimento das Nações Unidas sobre um relatório apresentado pela deputada Renata Souza sobre segurança pública no país, em especial no Rio de Janeiro, disse à Lusa a política brasileira.
  • Varela Notícias
20 Julho 2019, 17h46

“Eu reuni-me em Genebra [Suíca] com a relatora para as execuções extrajudiciais da ONU, Agnes Callamarb, com quem pode confirmar o envio de uma carta conjunta da ONU e da OEA [Organização de Estados Americanos) ao Brasil, para que preste esclarecimentos sobre o relatório sobre segurança pública no país, especialmente na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou em entrevista à Lusa a deputada estadual do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), que é também a primeira mulher negra à frente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro] e autora do relatório e denúnica junto das duas organizações internacionais.

“Isto é o fundamental”, reforçou Renata Souza, acrescentando que no mesmo encontro abordou também o caso do assassinato da Marielle Franco em março de 2018, vereadora eleita pelo Psol no Rio de Janeiro, sendo na altura a quinta mais votada, e de quem a agora deputada foi assessora.

Sobre este caso, a deputada diz que “hoje, no Brasil, há uma investigação da investigação. E isso é muito sério e muito complicado e demonstra que, em algum momento, no curso das investigações algo aconteceu de muito errado e de muito grave e que alguém tentou proteger alguém”.

“Então é supre-importante que as instituições internacionais de direitos humanos estejam atentas e continuem pressionando para se saber quem mandou matar a Marielle. Porque os assassinos, diretamente, ou seja quem apertou o gatilho, foram presos, mas eles são assassinos por aluguer. E a gente precisa de saber quem mandou matar a Marielle”, considerou.

Da ONU diz que trouxe a promessa de que a organização irá continuar a acompanhar o caso do assassinato da deputada e pressionar o governo brasileiro para que haja uma resposta.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ), a primeira mulher negra a presidir à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), fez este ano uma denúncia sobre a atuação do governador Wilson Witzel (PSC) na segurança pública do Rio de Janeiro à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Após aquela denúncia, foi alvo de um processo de cassação de mandato, movido pelos deputados do partido de Wilson Witzel.

A ação do governador do Rio de Janeiro, que Ranata Souza denunciou e alvo de polémica, foi divulgada num vídeo nas redes sociais. Neste vídeo Witzel está, em Angra dos Reis, num helicóptero da Coordenação de Recursos Especiais da Polícia Civil. E do alto, atiradores de elite disparam contra moradores das favelas.

Renata considerou que esta ação num vídeo aberto seria uma forma de intimidação pela parte do Governador.

A estadia do governador e da sua família no hotel de luxo daquela região, durante o período que acompanhava as operações policiais, também foi alvo de uma investigação do Ministério Público Estadual, após o político ter afirmado que teria custeado o hotel e depois ter voltado atrás nesta explicação, afirmando que teria recebido uma cortesia.

A reunião que Renata Souza teve com a relatora da ONU, surge no contexto de um périplo que a deputada estadual do Rio de Janeiro está a fazer pela Europa, que a levou também a França, e agora a Lisboa.

Como deputada e como Presidente da Comissão dos Direitos Humanos Renata Souza tem como objetivo neste périplo europeu explicar o que se está a passar no Brasil, mas também “buscar aliados” para as causas que defende.

Hoje à tarde, participa num debate com a deputada do Bloco de Esquerda, Beatriz Dias, e com Joacine Katar, cabeça de lista por Lisboa do Partido Livre, sobre a participação das mulheres negras na política, explicou.

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