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ONU: Mais de 130 milhões de pessoas no mundo poderão ficar à fome devido à pandemia

A ONU alertou que o Objetivo Fome Zero até 2030 está em risco, sendo que quase 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019, número que pode ser agravado este ano com o impacto da pandemia.
  • Romeo Ranoco/REUTERS
13 Julho 2020, 17h49

Embora seja demasiado cedo para avaliar o impacto total das medidas de confinamento e outras, o relatório estima que, no mínimo, mais 83 milhões de pessoas, e possivelmente até mais 130 milhões, poderão passar fome em 2020 como resultado da recessão económica desencadeada pela Covid-19, com impacto na concretização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome Zero).

O estudo é um trabalho conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No relatório é frisado que garantir o acesso a uma dieta saudável aos milhões de pessoas com baixos rendimentos “pode poupar triliões em custos”.

“É na Ásia que mais pessoas passam fome, embora esta se esteja a expandir rapidamente para África. […] A pandemia de Covid-19 pode vir a afetar mais 130 milhões de pessoas com fome crónica até ao final de 2020”, adverte a ONU, salientando que este é o estudo global “mais rigoroso no que diz respeito à monitorização e ao acompanhamento do progresso feito para acabar com a fome e a subnutrição. A Ásia continua a ter o maior número de pessoas subnutridas (381 milhões), com África no segundo lugar (250 milhões), à frente da América Latina e das Caraíbas (48 milhões).

“Em termos percentuais, a África é a região mais atingida e cada vez mais, com 19,1% da sua população subnutrida. Isto é mais do dobro da percentagem na Ásia (8,3%) e na América Latina e Caraíbas (7,4%). Com base nas tendências atuais, até 2030, a África será a região onde mais de metade da população mundial terá fome crónica”, escreve-se no documento.

As várias agências das Nações Unidas referem que, em 2019, entre um quarto e um terço das crianças com menos de cinco anos (191 milhões) eram demasiado pequenas ou demasiado magras para a sua idade e que outros 38 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade tinham excesso de peso.

O documento evidencia também que uma dieta saudável custa muito mais do que 1,90 dólares por dia, o limiar da pobreza internacional.

“Os produtos lácteos ricos em nutrientes, frutas, vegetais e alimentos ricos em proteínas (de origem vegetal e animal) são os grupos alimentares mais caros a nível mundial. As estimativas mais recentes são de que um número impressionante de 3.000 milhões ou mais de pessoas não podem pagar uma dieta saudável.

O relatório apela ainda a uma transformação dos sistemas alimentares para reduzir o custo dos alimentos nutritivos e aumentar a acessibilidade dos preços das dietas saudáveis.

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