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Organizações da sociedade civil temem “desastre completo” na conferência do clima  

A diretora da Greenpeace afirmou que é “nas horas finais da COP” que se vai ver se a conferência é capaz de “dar resposta à ciência e às pessoas que pedem justiça climática ou se vai deixar os poluidores dominá-la”, o que seria “um desastre completo”.
13 Dezembro 2019, 12h55

Ambientalistas, empresas e sindicatos afirmaram esta sexta-feira que a conferência do clima da ONU em Madrid está à beira do “desastre completo”, com países como o Brasil a tentarem “arruinar” o acordo de Paris sobre combate ao aquecimento global.

Em conferência de imprensa à margem da 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que decorre desde 02 de dezembro na capital espanhola, a diretora executiva da organização ambientalista Greenpeace, Jennifer Morgan, disse a jornalistas que “neste momento, há países como a Austrália, Brasil e Arábia Saudita que só querem completar as suas agendas e arruinar o acordo de Paris, carregando-o com tantos subterfúgios que não conseguirá ser eficaz”.

Jennifer Morgan considerou “inaceitável” a versão mais recente de um rascunho de resolução final em que se admite retirar o apelo às nações para “aumentarem o nível de ambição em 2020 em resposta à emergência climática”, uma das ideias em que mais se tem insistido à volta da COP25, desde a liderança das Nações Unidas aos ativistas.

“Este texto é completamente inaceitável. Há também um novo texto sobre perdas e danos [prevendo um mecanismo de compensação aos países que sofram consequências das alterações climáticas] em que é claro que a parte financeira ainda não está resolvida. Há também duas opções sobre adaptação e ainda não há nada sobre a regulação dos mercados de licenças de emissão de gases com efeito de estufa”, elencou.

A diretora da Greenpeace afirmou que é “nas horas finais da COP” que se vai ver se a conferência é capaz de “dar resposta à ciência e às pessoas que pedem justiça climática ou se vai deixar os poluidores dominá-la”, o que seria “um desastre completo”.

Jennifer Morgan exortou a União Europeia, que apresentou na quarta-feira o seu Pacto Ecológico, a vir para a cimeira “com energia renovada e trabalhar com os países mais vulneráveis”, falar com a presidência da conferência e “rejeitar este texto”.

O representante da coligação de empresas pelo clima We Mean Business, Nigel Topping, afirmou que algumas das principais empresas do mundo estão a “ficar frustradas porque estão mais à frente do que os decisores políticos”.

Nos últimos seis meses, mais de 200 companhias responsáveis por um volume de negócios de “2,8 biliões de dólares” comprometeram-se a ser neutras em emissões de dióxido de carbono e “precisam do apoio dos políticos”, reconhecendo que o custo de não fazer nada para a transição para energias limpas tem custos maiores.

Pela Confederação Sindical Internacional, Alison Tate afirmou que os “210 milhões de trabalhadores de 165 países” que a organização representa “entendem bem a ciência e sabem que quando se vai para uma negociação, pode não se conseguir tudo o que se quer, mas tem que se levar até ao fim”.

“Queremos um acordo que funcione para os trabalhadores, que não seja uma versão diluída de um acordo que já tem quatro anos. Precisamos que o Acordo de Paris seja cumprido e 2020 seja muito mais ambicioso. Acabou o tempo para conversar e é essencial garantir uma transição justa” que preserve os direitos dos trabalhadores das atividades poluentes para formas de trabalho “limpas”, declarou Alison Tate.

A COP25 entrou hoje no último dia, esperando-se que saiam das negociações textos de resoluções finais que sejam discutidos, votados e aprovados em plenário.

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