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“Os advogados têm que aproveitar a tecnologia, senão ficam para trás”

Os softwares existentes são, cada vez mais, indispensáveis nas sociedades de advogados, na medida em que permitem poupar tempo no exercício das atividades que não são faturáveis.
26 Fevereiro 2023, 09h00

Na JE Talks desta semana falou-se sobre sociedades de advogados que inovam e se tornam mais eficientes através das tecnologias que possibilitam a otimização de tarefas. Mas até que ponto pode chegar esta ajuda? O software já existente ajuda a poupar tempo aos profissionais, visto que permite contabilizar, de forma automática, as horas de trabalho despendidas num determinado processo e, por consequência, calcular o valor a faturar. Uma possibilidade que é fundamental no atual contexto da advocacia, em que os clientes procuram respostas quase imediatas.

António Jaime Martins, sócio fundador da ATMJ, sublinha que as ferramentas providenciadas pelas tecnologias são hoje essenciais para as sociedades. É o caso daquelas que permitem poupar o tempo que seria gasto em atividades das quais não se tiraria rendimento financeiro, como é o caso da de calcular o custo dos serviços prestados. “A tecnologia faz parte hoje da vida da advocacia e os escritórios que não sejam capazes de inovar ficarão para trás no curto prazo”.

Neste âmbito, João Marcos FIlipe, Business Developer da dataLEX, aborda o tema da implementação das tecnologias no sector da advocacia como um processo de “seleção natural”, pela possibilidade de automatizar “processos que não trazem mais-valias” financeiras à sociedade de advogados, o que permite canalizar para atividades “cobráveis” o tempo poupado. Algo que se torna altamente relevante na atualidade, já que quem consulta um advogado procura obter uma resposta quase imediata, de acordo com o responsável que, não sendo advogado, trabalha diariamente com advogados.

“Ir ao médico ou ir a um advogado, é exatamente a mesma coisa. Eu falo com um médico ou falo com o advogado e quero a minha resposta agora”, refere, antes de explicar o que isto representa, na prática. “Nós queremos saber naquele preciso momento. Queremos já saber se vamos ganhar ou perder o processo”. Uma situação que decorre de o mundo ser cada vez mais globalizado e tecnológico, diz João Marques Filipe.

O responsável aborda também a possibilidade de os advogados serem parcialmente substituídos, no seu trabalho, por chatbots, que dariam respostas imediatas aos probelmas das pessoas na justiça. Contudo, estas funcionalidades seriam difíceis de implementar, já que envolveriam uma série de “questões deontológicas”, lembra. De qualquer forma, o responsável mostra-se cético acerca desta eventualidade, deixando claro que “a tecnologia deve ser um apoio à tomada de decisão do advogado, mas não o poderá substituir”.

Sobre esta temática, António Jaime Martins garante que “o Estatuto da Ordem dos Advogados não está minimamente preparado”, não permitindo, até ao momento, “uma solução em que as pessoas falem com uma máquina e que esta lhes dê resposta”.

Apesar dos avanços serem notórios, nem tudo se tornou mais fácil no exercício da advocacia, muito pelo contrário. De acordo com o responsável, a profissão é agora mais exigente, já que, às exigências que sempre existiram, juntam-se agora as relacionadas com a utilização das tecnologias. “Hoje não chega ser competente do ponto de vista técnico, jurídico”, afirma, referindo-se àquilo que os avanços tecnológicos exigem dos advogados, que na atualidade têm que “lidar com tecnologia, saber aproveitar aquilo que o software pode fazer por eles, porque senão ficam para trás.”

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