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“Os nossos centros de competência atraem talento de todo o mundo”

Portugal conquistou a Cisco há uma década. Instalou um centro de operações em Portugal que continua a crescer e a ser reconhecido. Foi pela sexta vez consecutiva considerado um Great Place to Work.
3 Fevereiro 2017, 15h08

Há dez anos nasceu o centro de operações de suporte à venda da Cisco para a Europa em Portugal. O centro de operações evoluiu sendo hoje mais abrangente, focando-se não apenas nas vendas, mas também no apoio técnico e na prestação de serviços de cibersegurança. Trabalham em Oeiras 220 pessoas, de 36 nacionalidades. A partir de Portugal os serviços são prestados, em sete idiomas, clientes, parceiros e funcionários da Cisco em todos os países da Europa, Médio Oriente, África e Rússia.

Como estão a funcionar o centro de operações da Cisco em Portugal?
A Cisco Portugal continua a apostar no centro de operações, criado há dez anos, em 2007. É um dos principais centros da Cisco na Europa, pelo desempenho que tem tido. Tem apresentado excelentes avaliações e tem uma capacidade de atração de talento única, sejam ou não portugueses.

O ambiente que se vive é de motivação, o que tem contribuído para que a Cisco Portugal tenha sido considerada, pelo sexto ano consecutivo, um Great Place to Work. O que, naturalmente gera mais motivação, promove a retenção do talento e proporciona um ambiente de trabalho positivo. Por consequência, impacta também nas métricas de desempenho e de avaliação do trabalho que é gerado neste centro de excelência.

Soma-se a este ambiente a capacidade linguística que os portugueses têm, que permite que, sem grandes esforços dar suporte em sete línguas diferentes, o que não é fácil noutras localizações.

Trabalham na Cisco Portugal cerca de 400 pessoas, 220 das quais nos vários centros de competências, concentrados no edifício sede da empresa, em Oeiras. Nunca sabemos o futuro, mas para já temos o centro de operações num único edifício.

Como tem evoluído o centro de competências?
Este centro de operações tem sido muito acarinhado pela Cisco a nível internacional e tem sido uma aposta contínua a nível nacional. Para o efeito, tem vindo a diversificar as suas áreas de atuação e de serviços prestados ao universo Cisco. Se no início era apenas um centro de serviços e operações, hoje em dias também prestamos serviços de cibersegurança e de outras áreas mais especializadas de apoio técnico.

Quais são as vantagens de Portugal enquanto destino nearshore?
No caso da Cisco, as grandes vantagens de Portugal passam pelo próprio ambiente que se vive na empresa. É um escritório muito apetecível, porque se combinam métricas de negócio com uma grande motivação e diversidade. Para além do talento que conseguimos atrair para Portugal, a sede em Oeiras é também escolhida para reuniões de equipas internacionais.
Depois temos o próprio país, que é muito simpático para se viver. Tem qualidade de vida, segurança. No final, conseguimos atrair muitas pessoas que acabam por criar família cá ou mesmo famílias que vêm trabalhar por uns tempos, mas que acabam por se estabelecer no país.

Do lado dos fatores favoráveis temos ainda as universidades. Estas têm desenvolvido o trabalho de forma a conseguirem criar um talento cada vez mais especializado e de maior qualidade, o que também é apreciado no momento de escolher.

É fácil encontrar talento em Portugal?
Atualmente, quando se abre um processo de candidatura é mais rápido encontrar talento em Portugal do que, por exemplo, na Polónia. Numa altura em que agilidade e rapidez é muito importante, queremos rapidamente responder a essa necessidade com talento bom.

E depois existe o próprio ecossistema de startups que tem também ele tem contribuído para a criação de talento. Muitas pessoas nas startups decidem a determinada altura mudar de vida e ir trabalhar para uma multinacional. Acaba por ser uma fonte de talento também bastante importante. Naturalmente é uma geração que muda de ideias rapidamente, por isso se calhar daqui a uns anos vão voltar a querer ser startups.

Também as métricas de desempenho deste centro acabam por atrair talento. As pessoas estão comprometidas com o que se faz, são dedicados, responsáveis. Além disso promovemos uma forma flexível de trabalhar, o que, mesmo comparando com outras empresas em Portugal, acaba por se traduzir numa forte capacidade de atração.

A flexibilidade atrai talento?
Sim. Defendemos a flexibilidade de trabalho, assente em objetivos concretos, na responsabilização. Esta situação é possível através das ferramentas de colaboração que dispomos ao serviço dos nossos colaboradores. Eu consigo ser produtiva, onde quer que esteja, no escritório, em casa, no carro, no café. Posso desempenhar o meu trabalho de forma plena de qualquer sítio. Tenho ferramentas de colaboração que me permitem estar disponível e ter conferências telefónicas, por vídeo.

O ecossistema startup e a missão de tornar Portugal um destino nearshore colhem argumentos de captação de investimento semelhantes. Concorda?
Os argumentos para atrair investimento para nearshoring e para startups são de facto semelhantes. No fundo os grandes objetivos são criar emprego, valor e inovação.

Olhamos para estes três objetivos e verificamos que precisam de talento de qualidade, talento ágil, talento motivado e de um ecossistema onde este talento possa dar o máximo de si.
Lá, está, os argumentos de venda do País são muito parecidos.

Quais são os apoios da Cisco Portugal há inovação?
Fazemos constantemente desafios à inovação. Gostamos de premiar a inovação e de estar perto das startups. A título de exemplo, o maior prémio entregue a startups na Web Summit 2016 foi o Cisco Grand Challenge.
Temos também vários programas de talento, através dos quais levamos jovens recém-licenciados para os EUA. São programas de “learning on the job”, com componentes de formação, aprendizagem e de trabalho no mundo real, noutros países. Temos ainda a preocupação de estar em contacto com as universidades. As universidades pedem-nos ajuda e visitam-nos constantemente.

Temos também um programa de responsabilidade social, do qual nos orgulhamos muito: as Cisco Academies. São academias gratuitas promovidas em conjunto com politécnicos e universidades, num total de 70 instituições em Portugal. São instituições às quais disponibilizamos os recursos e as matérias programáticas com objetivo de dotar os alunos de capacidades digitais em várias áreas, sendo agnósticos na componente tecnológica, obviamente com uma componente Cisco. O objetivo é que as pessoas consigam aumentar as suas capacidades digitais. E a empregabilidades tem sido de aproximadamente 100%, na maior parte dos cursos. É algo que importa mencionar em termos de empregabilidade do país.

 

“Grandes empresas não vão ser as fontes geradoras de emprego”

 

Sobre a transformação digital, Sofia Tenreiro é perentória: as empresas precisam passar por este processo de transformação. A automatização de processos vai reduzir a necessidade de recursos humanos nas empresas de maior dimensão. As startups serão a grande fonte de empregabilidade.

Qual é atualmente o panorama da transformação digital?
A transformação digital continua na ordem do dia. O mundo muda cada vez mais rapidamente, a concorrência é cada vez mais ativa, os próprios consumidores ou clientes finais têm cada vez mais informação sobre os nossos produtos e as nossas empresas. Há também uma pressão muito grande do ponto de vista de custos, de eficiência, de produtividade que faz com que as empresas se tenham de reinventar e ser ágeis.

As empresas precisam passar por este processo de transformação digital para conseguirem por um lado tornar-se mais eficientes, reduzir custos e ter uma maior automação em termos de processos. E por outro lado, para enriquecerem a experiência e a oferta que têm e dão aos seus clientes ou consumidores, tornando-se mais ágeis para poderem estar constantemente a reinventar-se e a adaptar-se a estas forças todas que vivem à sua volta.

E na perspetiva nacional?
Na perspetiva da economia do país, a verdade é que as grandes empresas não vão ser as grandes fontes geradoras de emprego no futuro. As grandes empresas têm tendência para se irem reduzindo e a empregabilidade vem das pequenas empresas.
Na perspetiva da geração de emprego é muito importante conseguirmos por um lado criar ecossistemas ricos que ajudem as startups também no processo digital. Por outro lado, acredito que estas startups vão contribuir para a riqueza do país e acima de tudo para a inovação.

Portugal é um exemplo excelente, ao estar a trabalhar para se estar a tornar um hub de tecnologia a nível europeu, que facilita, por um lado, as empresas portuguesas neste seu processo digital e, por outro lado, cria um ecossistema rico e fácil, para as startups (quer de portugueses, quer de estrangeiros) poderem dinamizar e acelerar esta inovação em Portugal.
Deste modo também será possível exportar inovação e talento.

A Cisco quer apoiar a iniciativa Portugal, uma nação startup?
A Cisco tem o programa “country digitization accelerator”. O objetivo deste programa é olhar para os países e perceber como é que a Cisco pode contribuir para o trabalho que já está a ser feito no país, e de que modo podemos contribuir para acelerar o processo digital das empresas e do Governo.

Quando o nosso chairman, John Chambers, veio a Portugal, no âmbito da Web Summit, ficou fascinado com o talento que viu em termos de gestores, de empresários que estão à frente das empresas, e com o talento que viu, com a sensibilidade para o negócio, para a transformação, para este processo digital.

Ficou também impressionado com todo o trabalho que tem sido feito em termos de ecossistema de startups e de inovação. E ficou igualmente fascinado por ver todos os projetos inovadores que existem em Portugal aos mais variados níveis. Disse que via Portugal como um país onde a Cisco pretende olhar para o futuro para ver como consegue contribuir para esse processo digital. Temos trabalhado em vários projetos, a vários níveis, nas áreas de cibersegurança, de cidades inteligentes, do turismo, entre outras, que ainda não podemos partilhar, porque são projetos em curso.

Quais são as grandes prioridades da Cisco?
As grandes tendências e prioridades da Cisco mantém-se, porque continuam a ser as grandes tendências tecnológicas atuais. Estamos a falar de cibersegurança, de cloud computing, de Internet das Coisas, da mobilidade, das cidades inteligentes e da colaboração e transformação do ambiente de trabalho (workforce transformation).
Estas prioridades estão cada vez mais interessantes, porque o mundo está a mudar, as empresas estão a tornar-se mais ágeis e há toda uma realidade que está a evoluir.

O reforço em matéria de cibersegurança destaca-se?
É a prioridade número um da Cisco porque acreditamos que, infelizmente, o cibercrime é uma realidade cada vez mais presente e que pode danificar os negócios. Temos de garantir processos digitais que funcionem e sejam seguros.

Sabemos que o negócio de cibercrime é mais rentável que o crime tradicional. E a estratégia de cibersegurança de cada empresa, de cada instituição, de cada cidade tem de ser muito mais inteligente, dinâmica e contínua. Tem de se adaptar a esta nova realidade. Se nós temos equipamentos e colaboradores ligados em qualquer ponto do país, temos de olhar para a segurança da informação e temos de pensar que que a informação que passa entre os equipamentos para a cloud computing é cada vez mais importante. Toda esta circulação de informação tem de ser rápida, ágil, mas tem de ser muito segura. É necessário pensar na informação a partir de um paradigma completamente diferente.

Outro exemplo, hoje em dia temos eletrodomésticos inteligentes, que estão ligados. Apesar de inofensivos, mas podem tornar-se num equipamento de guerra se não estiverem protegidos. No entanto, quando se compra um frigorifico, ninguém pensa que tem de montar uma estratégia de cibersegurança para o equipamento, porque, à partida, é algo inofensivo que não vai fazer mal. Mas a verdade é que pode ser utilizado numa estratégia de hacking contra uma empresa. Temos por isso de ter uma estratégia de cibersegurança em termos das comunicações que existem para que o frigorífico não possa fazer mal a outra entidade. É repensar toda a estratégia de cibersegurança que é cada vez mais importante.

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