No Relatório de Integridade EY 2021, concluímos que este é um momento-chave para a integridade e conduta ética das organizações e destacamos um conjunto ações-chave a adotar, identificámos que:

– 71% dos inquiridos dizem não estar dispostos a agir de modo antiético para melhorar a sua situação profissional. No entanto, face à insegurança laboral resultante da pandemia, o risco de comportamentos antiéticos agravou-se. Assim, as organizações devem reforçar os seus dispositivos de compliance e alinhá-los com os requisitos regulatórios previstos, por exemplo, na recém-aprovada Estratégia Nacional Anticorrupção e/ou standards internacionais como a ISO37001 ou ISO37301, que são certificáveis;

– 45% dos colaboradores juniores consideram que na sua empresa não é seguro relatar irregularidades sem receio de represálias. Para prevenir e detetar comportamentos irregulares, as organizações devem implementar mecanismos como o Canal de Denúncia, salvaguardando os denunciantes, em linha com a Diretiva Europeia de Whistleblowing;

– Apenas 23% dos inquiridos diz estar muito confiante na integridade de terceiros, como fornecedores e parceiros de negócios. As organizações devem implementar sistemas de due diligence para avaliar o risco e integridade de terceiros com quem se relacionam.

Fica assim exposto que os desafios à integridade e à conduta ética a nível corporativo foram acentuados pela crise pandémica que, ainda, atravessamos. O nosso relatório analisa a integridade corporativa no mercado português, através das respostas anónimas de 103 participantes, durante o mês de março, com diferentes posições hierárquicas nas suas organizações.

A nível global, 90% dos participantes considera que os efeitos da COVID-19 aumentaram os riscos de comportamentos antiéticos na sua organização. Apesar de ser pequena a percentagem de colaboradores que assume a disponibilidade para agir de forma antiética, para ganho pessoal, a pandemia agrava o risco de comportamentos irregulares. Observa-se, também, uma disparidade quanto às perceções de ética comportamental nos diferentes níveis hierárquicos dentro das organizações. A generalidade dos inquiridos, considera que deve agir com integridade na vida interna da sua organização e na relação com terceiros, adotando medidas de minimizem o risco e cumprindo as disposições legais e regulatórias.

Atualmente, organizações de todos os setores passam por desafios críticos para a sustentabilidade dos seus negócios e para a sua integridade. A COVID-19 veio acentuar esses desafios. Acresce que a curto prazo, em Portugal, as organizações terão de alinhar-se com novos requisitos legais, que decorrerão da recém-aprovada Estratégia Nacional de Anticorrupção e da transposição da Diretiva Europeia de Whistleblowing.

Este estudo destaca quatro ações-chave críticas, a que as organizações devem dar prioridade nas suas agendas de integridade: avaliação da conduta pessoal através de mecanismos de compliance; canais de whistleblowing; gestão e due diligence da integridade de terceiros e, finalmente, a integridade de dados.

Em suma, este estudo revela um quadro complexo e desafiante. Pressionadas para sobreviver, as organizações podem ceder à tentação de secundarizar as regras de conduta e ética. Identificados os riscos, a adoção/reforço de Programas de Compliance ABAC (Anti-Bribery Anti-Corruption) é essencial para preservar a integridade corporativa.
Em conclusão: fazer o que está certo, porque é a coisa certa a fazer.