Os semicondutores, também chamados de microchips, são os circuitos integrados (chips) que possibilitam que os dispositivos eletrónicos que utilizamos – telemóveis, videogames, computadores, automóveis, e até os elevadores ou micro-ondas – processem, armazenem e transmitam dados, fazendo parte de quase todos os objetos que rodeiam o nosso dia a dia.

Os chips são massivamente utilizados numa vasta gama de aplicações, desde a eletrónica de consumo às telecomunicações, agricultura, setor automóvel ou dispositivos médicos.

O contexto da pandemia Covid-19 veio demonstrar que as indústrias de videojogos, smartphones, e informática, passaram a ter uma procura nunca vista devido aos milhares de milhões em todo o mundo que ficaram em teletrabalho ou a ter aulas através de um computador.

Todavia, é precisamente nos países do continente asiático, designadamente em Taiwan, Coreia do Sul e China, que está concentrado o fabrico dos semicondutores, e as respetivas fases de encapsulamento, assemblagem e teste. Ou seja, as questões críticas estão precisamente na génese e no epicentro da pandemia.

A pandemia, e mais recentemente os conflitos internacionais, obrigaram as diferentes regiões do mundo a apostar na produção massiva deste tipo de circuitos eletrónicos que estão presentes na maioria dos dispositivos que utilizamos.

À medida que a transição digital acelera, a procura mundial de chips está a escalar rapidamente, prevendo-se que duplique até ao final da década. Também a recente popularização dos veículos elétricos e autónomos, que necessitam obrigatoriamente a utilização de semicondutores, obrigou a União Europeia e os seus estados-membros a canalizar recursos para incentivar a produção em grande escala dos microchips.

O objetivo europeu é impulsionar a autonomia tecnológica e reduzir a dependência de países terceiros. Neste sentido, o ‘European Chips Act’, uma iniciativa europeia para impulsionar a competitividade e resiliência da União Europeia em matéria de semicondutores, vai mobilizar cerca de 43.000 milhões de euros, aliando investimento público e privado.

No mesmo diapasão político, em janeiro deste ano foi aprovada, em Conselho de Ministros, a Estratégia Nacional para os Semicondutores, que tem o objetivo de impulsionar e capacitar a indústria nacional no sector da microeletrónica e semicondutores. Esta estratégia Nacional para os Semicondutores conta com um orçamento de 121 milhões de euros.

Há duas semanas, a empresa multinacional americana Synopsys – fundada há 38 anos em Silicon Valley e que emprega atualmente 720 pessoas em Portugal – anunciou um novo investimento de 25 milhões de euros que permitirá contratar mais 200 engenheiros altamente qualificados na área dos semicondutores. Uma excelente notícia!

Portugal tem, reconhecidamente, uma capacidade instalada em termos de empresas e de investigação. Na minha perspetiva, o caminho passa por envolver a indústria nacional no processo de desenvolvimento tecnológico, assim como identificar complementaridades e sinergias a nível nacional.