O impacto da pandemia nos negócios tem adquirido uma magnitude significativa, que provavelmente deixará marcas profundas na sociedade portuguesa, que durarão para lá do futuro considerado imediato.
No entanto, é verdade que uma mudança tão radical, nos normais padrões de funcionamento da sociedade, levará muitas empresas a repensar a forma como os seus colaboradores trabalham e se comportam, e como os negócios são conduzidos. Um dos poucos aspetos positivos que esta reorganização trouxe, foi a descoberta de um mundo totalmente novo, por parte de milhares de empresas em Portugal.
Desta forma, o trabalho remoto apresentou-se como uma solução capaz de dar resposta à situação vivida, e a sua implementação (mais eficaz do que muitos inicialmente previam), veio mostrar que além de ser um modo de trabalho válido e igualmente produtivo, permite também um maior controlo de custos para os gestores e, por outro lado, os colaboradores acabam por poder aplicar o tempo de deslocação até ao escritório noutras tarefas.
Há largos anos que esta modalidade não é exclusiva dos freelancers. Atualmente, são vários os exemplos internacionais de grandes empresas e multinacionais que adotam estes novos modelos de trabalho de modo a aumentar a eficiência e satisfação dos colaboradores, proporcionando um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos mesmos.
Também as soluções de escritório virtual, para muitos, é um terreno por explorar e tem agido em complementaridade ao home office para garantir que os processos administrativos das empresas não são deixados para segundo plano, numa situação não-presencial.
Este novo contexto tem levado muitas empresas a investir neste tipo de serviço, não só pela poupança que representa (renda mensal, custos com pessoal, entre outros) mas por permitir usufruir de um apoio de backoffice que garante o atendimento telefónico e apoio administrativo, permitindo que as empresas estejam focadas no seu core business, utilizem uma morada de prestígio para sediar a empresa e receber clientes para reuniões de trabalho, ao mesmo tempo que as equipas trabalham a partir de casa ou de um espaço de cowork.
Apesar deste tempo de exceção nos mostrar claramente que as empresas portuguesas estão mais capacitadas para desempenhar parte do seu trabalho remotamente, não estaremos perante uma situação de tudo ou nada. O ser humano continua a ser um animal social, que desempenha as suas funções de modo mais eficaz através do contacto presencial e de reuniões cara a cara. Por isso, o “day after” desta pandemia trará novos modelos de trabalho, híbridos, entre uma realidade totalmente presencial e um confinamento ao digital.
É importante que se aprendam com exemplos como o da gigante tecnológica Yahoo, que, em 2013, decidiu alterar a sua estratégia relativamente ao trabalho remoto, mas que, ao verificar que a identidade da marca se estava a perder devido à dispersão geográfica das equipas de trabalho, voltou a adotar um modelo “híbrido” que obrigava à presença dos colaboradores na sede.
Antes desta situação se instalar, já muitas empresas encorajavam os colaboradores a trabalhar fora do escritório, de modo a reduzir custos e permitir-lhes conseguir gerir de uma melhor forma a sua vida pessoal e profissional, o que vem tornar esta solução ainda mais atrativa para as empresas que saírem vitoriosas desta crise. Deste modo, “o novo normal” laboral terá empresas com modos de trabalho mais flexíveis, a usufruir de um espaço mais digital do que nunca, mas em constante equilíbrio com o ansiado contacto presencial.
Perante esta situação é importante que as empresas comecem a pensar em implementar novas medidas para responder a uma diferente realidade, já que, após esta pandemia, o trabalho ficará para sempre mudado.