O estudo e a compreensão da História é fundamental, enquanto ferramenta de análise, para perceber o presente e antecipar o futuro. É uma frase consensual e relativamente banal, mas nem por isso deixa de ser verdadeira.

Há problemas, ou tendências, que a História nos lembra que pouco têm de originais.

Vem isto a propósito da atualidade portuguesa e do que podemos encontrar de equivalente na História. Os Romanos tiveram o mesmo problema com que agora nos defrontamos, há cerca de 1700 anos. Por essa altura, o Império sofria de uma economia rentista, com classes sociais estratificadas e sem mobilidade social relevante, com uma carga fiscal muito elevada para suportar uma forma de forma organização política cara e crescentemente inoperante.

Por isso, confrontado com as suas ineficiências, o Império chegou à conclusão que era preciso deixar entrar os Godos, de forma controlada, essencialmente para fornecerem a mão de obra para as explorações agrícolas dos Senadores e soldados para ingressarem nas legiões.

Ora, como a História nos revela, em três gerações o Império Romano deixou de o ser. Os Godos destruíram-no.

Nas últimas semanas, as notícias estão em uníssono. O número de trabalhadores imigrantes legais duplicou nas últimas duas legislaturas. Atualmente assistimos a um movimento em que emigram os nossos cidadãos mais jovens e qualificados, e chegam outros trabalhadores pouco qualificados. Ou seja, dia a dia caminhamos para a consolidação de uma economia que se orienta para serviços de baixo valor acrescentado e que paga salários mínimos. Uma economia centrada na indústria do ‘acolhimento’ e que perde todos os dias investimento qualificador.

O que dizer aos néscios e às centrais de propaganda que nos querem fazer acreditar que serão os imigrantes do subcontinente asiático que irão pagar o déficit potencial do sistema de repartição público de pensões e reformas?

Alguém que explique aos portugueses, por favor, que as suas reformas terão de ter um sistema misto: benefício definido, com garantia estatal, financiado por contribuições sobre o capital e sobre o emprego. E com um pilar complementar de capitalização.

Ao ritmo atual, e ao contrário do Império Romano, não vamos precisar de três gerações para mudar por completo a nossa sociedade. Bastará uma geração, apenas. Só uma para termos uma nova sociedade, uma economia de salários mínimos e a imposição de valores associados a uma cultura de intolerância.