Um estudo recente, o “Atlas da Emigração Portuguesa”, revelou que 850.000 jovens (entre os 15 e os 39 anos) abandonaram o País: quer por falta de boas oportunidades de emprego, quer pela ausência de salários que lhes permitam ter uma qualidade de vida condigna.

Agora que estamos em campanha eleitoral, é precisamente o momento em que os partidos devem apresentar ao País o seu “caderno de encargos”. Porém, face a este estudo e aos números (chocantes) agora apresentados, é importante conhecermos quais são as propostas políticas para reter os jovens em Portugal?

É para todos uma constatação que os jovens hoje vivem pior do que a geração que os precedeu. E é também evidente a bizarria de um trade-off de milhares de jovens qualificados a emigrar, por milhares de jovens imigrantes desqualificados que cá chegam e que vivem em condições, em muitos casos, verdadeiramente miseráveis. Que País é este que estamos a deixar para os nossos filhos e netos?

Sejamos claros, é precisamente no início da vida adulta que as coisas são mais difíceis em termos de rendimentos: quando queremos ganhar a independência dos nossos pais e decidimos arrendar ou comprar uma casa; quando queremos constituir família ou ter filhos. Ora, é exatamente nessa fase da vida que o Estado devia criar condições para os jovens assegurarem uma boa qualidade de vida no país em que nasceram, cresceram, estudaram, e que querem em muitos casos continuar a viver.

Se há matéria onde o consenso nacional devia ser muito alargado é justamente na retenção dos nossos jovens, sobretudo quando temos de combater uma pirâmide demográfica que teima em manter-se invertida.

O Estado investe todos os anos mais de 5% do seu PIB em instituições do ensino básico ao superior; a grande maioria das famílias faz um esforço enorme para pagar as despesas escolares dos seus filhos; e depois de tanto sacrifico e investimento temos milhares de jovens a emigrar para outras geografias para tentarem cumprir os seus sonhos. Não faz sentido!

Se analisarmos o impacto de uma isenção tributária total em sede de IRS para os jovens até aos 30 anos, podemos concluir que o efeito na receita fiscal é compensador face ao travão no êxodo de população ativa do país. Essa isenção teria forçosamente de ter um teto máximo de rendimento a partir do qual o jovem contribuinte já teria de pagar IRS.

Na minha opinião, esta podia ser uma iniciativa política da “AD – Aliança Democrática”. Uma proposta que defende os jovens, as famílias, a economia e a demografia.