Uma casa só com telhado não se sustentaria. É bastante óbvio. Na vida, seja a nível pessoal ou profissional, todos temos pessoas que nos orientam, nos apoiam e nos ajudam a organizar as ideias quando o puzzle mental fica complexo e nos parece estar incompleto.
São os alicerces, os pilares que sustentam toda a estrutura. E cada um tem os seus. Eu tenho os meus. São eles que me têm aguentado ao longo da minha vida ativa. E esta história é sobre algumas das pessoas com quem me cruzei profissionalmente e que, de alguma forma, me ajudaram a progredir no caminho. Vou falar de algumas, apenas porque foram muito importantes para mim. Pode acontecer que nem se tenham apercebido que o foram!
Um dos momentos mais importantes para cada um de nós foi, certamente, o momento em que fomos para a escola. A primeira grande mudança nas nossas vidas. Novas rotinas, uma série de obrigatoriedades e o início do nosso período competitivo (relativamente às notas). O meu, pelo menos, começou aí.
Daí em diante, seguem-se vários (muitos) anos de competitividade com os amigos e colegas: pelas melhores notas, pelo reconhecimento, pelas escolhas que, sabemos, nos esperam mais à frente. E nesta fase, o apoio está, sem dúvida, nos pais, nos professores dedicados (ainda os há) e, claro, nos nossos amigos, com quem partilhamos angústias, antes de um teste ou quando adormecemos enquanto estudávamos. Acontece!
A luta pela entrada na universidade (que queremos!) e no curso (que sempre quisemos!) é talvez a primeira grande luta das nossas curtas vidas até então. Pelo menos para aqueles que optam pelo ensino superior. E aí, mais uma vez, os amigos e a família são os pilares que nos sustentam nas frustrações e nos sucessos.
Uma das fases mais frustrantes, provavelmente em Portugal, é quando chegamos ao mercado de trabalho. Faltam oportunidades, abundam os oportunistas e, no final do dia, reina a frustração. Felizmente, não foi o meu caso. Estagiei na empresa que (sempre) quis. Conheci e convivi com os profissionais que, sempre, admirei. Aprendi com todos os que contactei. Fiquei amigo de muitos. Pelo meio, a família é, naturalmente, o pilar central da nossa construção. Mas não é o único e ainda bem!
No meu primeiro emprego tive o prazer – e a sorte! – de conhecer pessoas que reconheceram o meu potencial e me ajudaram nos aspetos mais simples do, então, jornalismo. Explicaram-me como colocar a voz; corrigiram-me textos; deram voz quando ainda não podia dar voz às peças televisivas; pagaram-me o almoço porque sabiam que estagiário não ganha – embora, na altura, o líder de um partido político tenha ficado muito admirado ao conhecer esta realidade que, aparentemente, desconhecia.
Essas pessoas que nos acompanham são as mesmas que lutaram por nós, colocando-se em cheque, quando o empregador nos tentava com propostas de trabalho menos sensatas. São as mesmas que, anos depois, nos continuam a perguntar como estamos e nos confortam dizendo: “tomaste a decisão certa”.
Ao final de alguns anos, já nós temos alguns anos de profissão. Neste período cresci sem nunca deixar de aprender, pois sou uma espécie de esponja: absorvo tudo o que me rodeia. E pelo que sei, absorver conhecimento ainda não nos faz mal à saúde.
Arquimedes dizia “dai-me um ponto de apoio e levantarei o mundo.” Os pilares são fundamentais. Cada um de nós tem, de uma forma ou de outra, o papel de apoiar e acompanhar alguém. Hoje, na minha vida profissional, tenho a possibilidade de ser uma espécie de agente duplo: continuo a absorver e a aprender constantemente – porque gosto e preciso. Mas também retribuo – já o fazia no passado, mas hoje sinto mais esse “papel”, servindo agora de pilar para quem, como eu fiz há alguns anos, tenta crescer e mostrar o seu potencial. Observo, oiço e, mesmo quando discordo, acompanho até ao fim. Porque os pilares são assim: sustentam e aguentam as oscilações.