1. No espaço de uma semana tivemos o primeiro-ministro (PM) e o ministro das Infraestruturas num desaguisado público que parece ter deixado Pedro Nuno Santos enfraquecido, mas, na realidade, foi António Costa a pessoa que saiu pior deste filme.

O PM não conseguiu exercer a sua autoridade de Estado, foi obrigado a revogar um despacho emanado e preparado pelo seu próprio Governo, que supostamente deveria liderar, acrescentando à crise económica, ao aumento das taxas de juro e à subida da inflação, uma profunda crise política volvidos três meses sobre as eleições.

Este Governo de maioria absoluta só por inabilidade, ou por uma benesse do atual Presidente da República (PR), chegará ao fim intacto. Mas já se viu que o nosso Presidente está a passar uma fase estranha, como se percebeu na deslocação oficial ao Brasil, acompanhado pelo ministro da Cultura e pelo secretário Estado dos Negócios Estrangeiros.

Num dia Marcelo vai dar mergulhos com o ministro à praia de Copacabana, coisa impossível para a grande maioria dos portugueses, e logo numa visita oficial de Estado, ou seja, paga por todos nós; no dia seguinte encontra-se com o ex-presidente da República do Brasil, esquecendo-se de um princípio basilar da diplomacia de que só há encontros Estado a Estado e, portanto, não sendo Lula da Silva Presidente da República, o encontro com ex-chefes de Estado só serviu para dar razão a Bolsonaro (o atual PR brasileiro), nem que seja por uma vez na vida.

Lula da Silva é pré-candidato nas presidenciais, lidera todas as sondagens e, muito provavelmente, será eleito para mais um mandato, mesmo depois de ter sido investigado e preso por alegada corrupção no exercício das suas funções de Chefe de Estado. Quem não vê isto não sabe o que está a fazer.

O Presidente deveria ter sido alertado pelo seu staff, vulgo assessores diplomáticos e chefe da Casa Civil e, no limite, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a quem cabe a condução prática da nossa política externa.

O desentendimento com Bolsonaro deixou marcas, por muito que a nossa a comunicação social e opinadores não o queiram ver e por mero companheirismo não queiram sequer beliscar o nosso Presidente. E Marcelo acaba a viagem a contar o número de selfies, o que só deixou o nosso país com pior imagem do Brasil.

2. O caos nos aeroportos nacionais, com destaque para infraestrutura de Lisboa, criou uma imagem surrealista daquilo que deveria ser o país.

Podemos culpar outros aeroportos europeus, greves noutros países ou acidentes, como o rebentamento de um pneu de uma aeronave que implicou cancelamentos, mas não nos vamos livrar da dificuldade do visitante/turista chegar ao país e estar horas à espera para mostrar documentos. Alguns irão dizer que a situação não é essa a todas as horas, mas apenas quando há confluência de slots com origem em determinados países mas, mais uma vez, fica a imagem negativa.

Já agora, porque não se admite que não há capacidade do aeroporto ou da transportadora aérea de bandeira para concluir os voos, e não se opta pelo cancelamento massivo durante o verão? Não teríamos tantos turistas, mas seríamos honestos ao ponto de afirmarmos que não conseguimos mas não enganamos.