Agora que se assiste a notícias sobre alegadas reestruturações na banca em Portugal, três coisas têm de ser ditas: não temos bancários a mais em Portugal; não temos balcões em excesso e os bancos são lucrativos!
De facto, e quem o diz é o Banco de Portugal, o emprego bancário português está abaixo da média europeia. Temos um pouco mais de quatro bancários por cada mil trabalhadores em Portugal, contra mais de cinco na média europeia. Ou seja, estamos cerca de vinte pontos percentuais abaixo.
E quanto aos balcões? Sendo certo e sabido que alguns encerramentos, principalmente do banco público, vieram limitar as opções das famílias e das comunidades, sobretudo no interior de Portugal, quanto ao acesso a serviços bancários e financeiros, convém relembrar que temos menos, muito menos, balcões que em Espanha e comparamos bem com a Itália e a França. Numa escala relativa, claro.
E, finalmente, o retorno dos capitais próprios empregues, na banca em Portugal, é positivo e muito acima do retorno que oferecem outras classes de activos. Compara muito bem com as obrigações e a dívida quer da República Portuguesa quer da emitida pelas melhores empresas a operarem na Europa, e está no percentil 60% no que ao rácio da margem financeira/produto bancário diz respeito.
Percebe-se mal este afã de querer anunciar uma vaga de despedimentos como se coisa inevitável se tratasse. Percebemos que querem condicionar a opinião pública, através de coisa publicada, procurando diminuir a vontade de resistir dos trabalhadores e dos sindicatos. Não contem connosco para nos deixarmos seduzir com tamanha pobreza argumentativa!
Finalmente, uma nota sobre o Orçamento do Estado. Nota positiva quanto ao novo apoio social para os mais expostos a situação de pobreza e nas regras mais flexíveis, conjunturalmente, de acesso ao subsídio de desemprego. Nota positiva também quanto à redução do IVA nos escalões mais baixos de consumo doméstico de electricidade; na redução da retenção na fonte do IRS ou na manutenção dos impostos especiais sobre consumo.
Sobre a menor ênfase quanto aos estímulos às empresas e ao investimento, deixamos a outros que não sindicatos, opinarem sobre tal.
Curioso ler que estão previstos 160 milhões de euros em dividendos oriundos da CGD. A mesma instituição que parece querer abandonar métodos graduais de reestruturação e por acordo entre as partes, para enveredar por abordagens mais musculadas, sem que se descortine qualquer racionalidade económica.
Finalmente estive esta semana no programa “Tudo é Economia” da RTP, verdadeiro serviço público, onde as ideias podem ser explanadas sem que o sensacionalismo se procure sobrepor. Aliás, tal como nas páginas deste jornal, um espaço onde a opinião é livre e a informação não é enviesada.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.