A FPF continua a trabalhar muito bem o quadro de evolução do futebol português e em todas as áreas. Da areia da praia ao futsal, passando pelo futebol feminino, a evolução tem sido extraordinária. A entrada do Benfica no futebol feminino, seguindo finalmente o exemplo do Sporting e do Braga, entre outros, virá com certeza melhorar a competitividade do quadro nacional a curto prazo, mal o clube da Luz ingresse na Liga principal. Assim aumentará o interesse da prova, com o consequente reflexo no investimento publicitário, construindo-se um modelo de negócio mais sustentável para todos.

A revolução silenciosa em todos os quadrantes do futebol português, levada a cabo pela direção da FPF, tem sido fantástica e vale a pena, depois do mais recente sucesso internacional – a vitória dos sub19 no Europeu – chamar a atenção para a última grande criação da direção de Fernando Gomes: a Liga Revelação.

Trata-se de uma competição destinada a permitir um quadro competitivo de evolução natural para os jovens jogadores que, tendo saído dos escalões de formação, ainda não chegaram às equipas principais dos respectivos clubes, à semelhança do que existe no futebol britânico. Para os maiores clubes, pode dizer-se que é mais um caminho, alternativo ou complementar às equipas B; mas para muitos outros clubes é “o” caminho para promoverem o seu próprio viveiro de atletas. É uma boa ideia, com a participação de clubes (para já 14) e associações regionais, que começou com o pé direito. O V. Setúbal- Sporting (4-5) foi espetacular, recheado de talento e futuro.

No sítio da FPF estão já alguns dados estatísticos que indicam a validade do projeto. Por exemplo:

1) Foram utilizados 76% de jogadores portugueses, sendo que cinco em 12 equipas entraram em campo com mais de 80%. O Belenenses SAD apresentou 90,9% no onze inicial, seguindo-se o Cova da Piedade com 81,9% e Estoril com 81,9%;

2) A média global dos titulares na jornada inaugural foi de 20 anos. Seis em cada 14 equipas apresentaram titulares com média abaixo dos 20 anos e mais de um quinto com média inferior aos 19. Em destaque estiveram o V. Guimarães (média de 18,7 anos), Sp. Braga (média de 18,8) e Benfica (18,9);

3) Dos 154 titulares, 29,2% ainda têm idade sub-21, 31,3% são sub-20, 16,2% sub-19 e 2,7% sub-18. Apenas 10,4% dos jogadores que alinharam de início tinha 23 anos ou mais.

O sucesso estendeu-se ao domínio das audiências televisivas. Veja-se que o jogo entre Braga e Benfica (1-3) foi o programa mais visto na manhã de sábado passado nas televisões por cabo em Portugal. Teve uma audiência média de 96 mil pessoas e um ‘share’ de 5,6 por cento, de acordo com os dados da GFK (entidade que mede as audiências em Portugal).

Transmitido pela TVI24, esse jogo teve um pico de audiência na segunda parte com 130 mil espectadores.

Como ponto de comparação, note-se que à mesma hora, na SporTV, o Académica – P.Ferreira, da segunda liga, não passou dos 15 mil por minuto.

Aliás, é estranha esta concorrência da Liga e do seu privilegiado parceiro, a SporTV, pois quando, em abril, a FPF anunciou a criação da Liga Revelação logo adiantou o sábado de manhã como um período que seria aproveitado para mostrar a competição.

O futebol em Portugal é um caso de sucesso e seria bom, até, que a Liga se colocasse rapidamente num patamar equivalente ao da FPF e com esta articulasse estratégias de crescimento e desenvolvimento da modalidade. Para isso, talvez que devesse começar por afirmar a sua independência face aos poderes que há muito a tentam manipular. Seria um bom princípio.

Nota – Os jogos transmitidos em “streaming” no sítio da FPF (todos menos o do Braga-Benfica, da TVI24) foram vistos em 60 países, num total de 28 mil views. Em Portugal registaram-se 26 mil, seguindo-se Inglaterra, França, Suíça e Brasil. Do número global, 14 mil visualizações foram efetuadas via mobile, 11 mil por desktop e mil por tablet. O jogo entre V.Setúbal e Sporting foi o mais visto do dia, com 5,969 views, seguindo-se o Belenenses SAD – Cova da Piedade (2-1), com 5,852 views e o Marítimo ao V. Guimarães (3-2), com 4,316. O Feirense – Rio Ave teve 4,088 visualizações, o Estoril – Portimonense 4,012 e o Aves – Académica Coimbra 1,665. A internacionalização do futebol português e a sua ligação aos adeptos espalhados por todo o mundo também passa por aqui.