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Os ‘pseudo-dedicados’: trabalhadores que fingem que são bons

Aparentam estar sempre ocupados e passam a ideia de que são pessoas dedicadas. Além de se saberem promover muito bem junto das chefias, não atribuem importância ao trabalho de equipa. Um estudo concluiu que a sua presença diminui a produtividade coletiva e quebra o espírito de coesão entre colegas.
19 Dezembro 2018, 18h20

Um estudo conduzido no Reino Unido pela Ashridge, da Hult International Business School, uma faculdade de gestão, concluiu que em 28 empresas existem colaboradores que parecem ter um elevado grau de empenho, parecendo sempre muito ocupados, quando na realidade trabalham pouco e prejudicam a produção coletiva, noticia a BBC.

Estes trabalhadores, que a equipa de pesquisa batizou de “pseudo-dedicados” caracterizam-se por se saberem vender bem, promovem-se em reuniões de equipa e têm a tendência de se juntarem às conversas que lhes convém, no local de trabalho. Por isso, são normalmente encarados como colaboradores “altamente dedicados”.

No estudo, foram analisadas empresas que trabalham em diversos setores de atividade, como a saúde, função pública, transportes e até organizações sem fins lucrativos, onde foram descobertos trabalhadores em equipas que aparentavam estar dedicados ao trabalho, mas cuja produção estava aquém do desejado.

Amy Armstrong, que fez parte da equipa que desenvolveu o estudo, disse que este tipo de trabalhadores, além de egoístas, prejudicam a produtividade e não atribuem importância ao trabalho em equipa. De um ponto de vista de negócio, isto tem um impacto negativo nas empresas.

No entanto, a investigadora disse também que, muitas vezes, estes “pseudo-dedicados” são muitas vezes recompensados pelas chefias, uma vez que têm mais hipóteses de serem promovidos, aumentados e receber bónus, incentivando o esforço na promoção da carreira em detrimento do trabalho e produção coletivos. Isto porque estes trabalhadores conseguem vender-se bem juntos dos seus superiores hierárquicos.

Além de prejudicar o desempenho coletivo, os trabalhadores “pseudo-dedicados” causam outro efeito nocivo no ambiente de trabalho: a falta de confiança, a quebra do espírito de coesão e falta de apoio entre colegas.

Nas empresas onde isto acontece, Armstrong conclui que não existe qualquer razão para se desenvolver trabalho em equipa porque os trabalhadores mais individualistas parecem conseguir promoções na carreira, o que os beneficia.

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