Como é habitual em dezembro, os bancos de investimento e as principais gestoras de patrimónios estão a publicar as suas perspetivas para o próximo ano. Há alguns aspetos que são transversais à maioria destes outlooks – aquilo a que poderíamos chamar de “consenso” – e que valerá a pena destacar.
Quase todos os analistas preveem a ocorrência de uma recessão nos dois lados do Atlântico, que será ligeira e passageira, mas que consideram ainda não estar totalmente descontada pelos mercados financeiros. Dado que a inflação deverá permanecer elevada, mas em queda, as dinâmicas do PIB real e nominal deverão ser negativas para as ações.
Na verdade, e esta situação é relativamente pouco frequente, há uma opinião mais negativa do que o normal para o mercado acionista, com os analistas a esperarem retornos modestos.
Pelo contrário, o valor está a ser visto nas obrigações, que deverão beneficiar de um contexto mais benigno em termos de taxas de juro a nível global, dado que se prevê que os principais bancos centrais deixem de subir os juros de referência até ao final da primeira metade de 2023.
Para a China, há alguma divisão entre os analistas. Alguns, perspicazmente, destacam o inverno demográfico que o país poderá vir a enfrentar, mas ciclicamente a opinião é maioritariamente positiva, porque se acredita que o governo de Pequim irá estimular a economia na reabertura pós-Covid, até para se proteger de mais protestos.
Ainda assim, o setor imobiliário permanece uma ameaça. Dentro dos mercados emergentes, a América Latina é a preferida.
No mercado cambial, o “consenso” é que o dólar já fez, em 2022, o seu máximo de ciclo. Não se espera, porém, uma queda “a pique”, porque o mau momento que as bolsas poderão atravessar irá implicar a busca por refúgio. Nota-se mais otimismo para o iene e para o franco suíço.