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“Ouvi pessoas a fazer sexo”. Apple também ouve conversas privadas de clientes

Muitas vezes, o microfone do smartphone é ativado erradamente, sendo que o transcritor ouve tudo o que se passa com o utilizador. “Ouvi pessoas a fazer sexo, por duas vezes. Às vezes, a gravação começa por acidente e eles não percebem”, revela um dos transcritores.
24 Julho 2019, 10h54

Depois de ter vindo a público que a Google escutava conversas privadas, agora foi revelado que também a Apple contratou transcritores espanhóis para ouvir as conversas privadas dos seus clientes em vários idiomas, incluindo francês e alemão.

A escuta das conversas dos clientes da empresa de Cupertino é feita através do desenvolvimento da inteligência artificial e desempenho do software do assistente de voz Siri. Ainda assim, o jornal espanhol ‘El País’ avança que os transcritores não têm acesso apenas aos pedidos de indicações mas também a diálogos íntimos, à semelhança da Google.

As conversas são gravadas através de uma empresa subcontratada pela Apple. Os transcritores são responsáveis por analisar as conversas privadas e as questões realizadas ao assistente virtual dos dispositivos. “Existem gravações de todos os tipos. Pesquisas ou solicitações normais para a Siri, mas também muitas barbaridades”, assumiram antigos transcritores da empresa tecnológica.

Apesar de a empresa liderada por Tim Cook não esclarecer esta questão, a verdade está exposta na política de privacidade da empresa. “Todos os produtos e serviços da Apple são projetados para manter as informações pessoais seguras: apenas o utilizador decide o que partilha e com quem”, refere a empresa, não adiantando mais pormenores.

Até à data pressupunha-se que a inteligência artificial era a única que ouvia as conversas. No entanto, tudo isto se provou errado quando o caso da Google se tornou público. O mesmo aconteceu com Mark Zuckerberg e o Facebook, quando este teve de ir ao Congresso norte-americano pedir desculpa aos utilizadores por guardar informação dos mesmos.

Os antigos transcritores revelam que desgravam todo o tipo de conversas, não sendo apenas pesquisas. Muitas vezes, o microfone do smartphone é ativado erradamente, sendo que o transcritor ouve tudo o que se passa com o utilizador. “Ouvi pessoas a fazer sexo, por duas vezes. Às vezes, a gravação começa por acidente e eles não percebem”, afirmam antigos colaboradores.

A empresa explica na política de privacidade que “quando um dispositivo recolhe dados, a Apple é transparente sobre isso, informando o utilizador e dissociando-os do perfil do mesmo”. Ou seja, o áudio gerado e armazenado não está relacionado ao código de um consumidor específico. Desta forma, a empresa tenta manter o anonimato e a privacidade de seus clientes.

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