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Pandemia faz aumentar disparidade salarial entre homens e mulheres em Portugal

As mulheres ganham menos do que homens, acumulam mais horas de trabalho não remunerado e são mais atingidas pelo desemprego, segundo estudo. Fórum Económico Mundial concluiu que a paridade de género só será atingida daqui a 135 anos.
26 Outubro 2021, 12h40

Os últimos 18 meses levaram a um aumento da desigualdade salarial entre os géneros, consequência da pandemia por Covid-19, alertou esta terça-feira, 26 de outubro, a Willis Towers Watson, empresa de consultoria, corretagem e soluções com clientes em todo o mundo.

No webinar “Igualdade Remuneratória sob várias perspetivas: implicações da pandemia, impacto na reforma e ESG”, Ana Amado, Director, Retirement-Non Actuarial da Willis Towers Watson em Portugal, afirmou que o índice de igualdade de género da União Europeia, na pré-pandemia, era de 67,9% e, em Portugal, de 61,3%, com uma “clara recuperação face a 2010”.

A disparidade salarial entre homens e mulheres, acrescentou, atinge os 20% a nível mundial (dados do último trimestre de 2020). Na Europa é de 14,1%. Em Portugal, em 2018, o gap situava-se nos 14,4%.

Também no desemprego, os homens levam vantagem sobre as mulheres. Apesar da população  portuguesa ativa ser composta por 51% homens  e 49% mulheres, quando no primeiro trimestre de 2020 se verificou um decréscimo de cerca de 50 mil empregos, 45 mil eram de mulheres. A distribuição da população desempregada, salienta aquela responsável, é mesmo menos vantajosa para o sexo feminino: 43% dos desempregados são homens contra 57% de mulheres.

“Concluímos que, efetivamente, as mulheres foram bastante afetadas pelas consequências da pandemia, uma vez que tipicamente têm uma situação laboral mais frágil e têm mais trabalhos informais, que podem incorrer mais facilmente numa situação de desemprego”, explicou Ana Amado, falando no impacto da pandemia sob outra perspetiva: a distribuição desigual das responsabilidades domésticas e de trabalhos não remunerados em casa.

A este respeito, citou o Relatório Anual de Igualdade de Género (2021) da Comissão Europeia, segundo o qual, as mulheres, em média, gastam 62 horas por semana, em média, a tomar conta das crianças e 23 horas semanais com tarefas domésticas, em comparação com as 36 horas e 15 horas, respetivamente gastas pelos homens.

Os dados do inquérito do Eurofund, salientou Ana Amado, “mostram que a Covid 19 teve um impacto mais significativo nas mulheres com filhos pequenos, que dizem ter mais dificuldade em concentrar-se no trabalho, em comparação com os homens”. Tudo somado – teletrabalho, encerramento das escolas e quarentenas profiláticas – conduziu a um aumento do volume de trabalho das mulheres, devido ao seu papel de cuidadoras e responsáveis pelas tarefas domésticas e a uma maior dificuldade da conciliação da vida pessoal com a profissional, justificou a responsável da  Willis Towers Watson em Portugal.

O mais recente estudo do Fórum Económico Mundial revela que a paridade de género só será atingida daqui a 135 anos, o que representa um aumento de 35 anos face ao relatório anterior devido à pandemia, salienta ainda Ana Amado.

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