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Pandemia foi “catastrófica” para sector dos casamentos mas perspetiva é de retoma plena em 2022

Se o sector pensava que em 2021 teria um descanso face ao ano pandémico enganou-se dado que em janeiro do presente ano a economia voltou a ficar suspensa. “Na verdade, entre 2020 e 2021, foram praticamente 18 meses em que esta indústria esteve quase sempre parada, não digo 100% mas 80% em que não se verificou atividade”, refere o diretor-geral da ExpoNoivos.
16 Outubro 2021, 12h33

A ExpoNoivos está de regresso à FIL, em Lisboa, este ano, tendo o evento que engloba vários sectores dos casamentos já aberto portas aos visitantes. Num balanço dos últimos dois anos, o diretor-geral da ExpoNoivos, António Manuel Brito, admite que o sector dos casamentos e eventos familiares perdeu bastante devido aos constantes encerramento devido à pandemia.

“A indústria dos casamentos e eventos familiares não é como a restauração, como é lógico. Não dizemos que abrimos amanhã e amanhã está tudo a funcionar. É necessário planeamento e investimento por parte das empresas”, adianta ao Jornal Económico, citando dois exemplos de sectores que apresentaram quebras significativas para a economia.

Só em 2020, quando a pandemia se instalou no território, 60% dos casamentos foram adiados ou cancelados, dado a incerteza da situação sanitária e de como se poderiam realizar aquando da introdução obrigatória de máscaras. De facto, entre março e maio de 2020, todos os casamentos estiveram em suspenso, um sentimento que se voltou a sentir mais no fim do ano passado e no início do presente ano. Com os casamentos adiados, mais de 90% das empresas sentiram o impacto, com muitas a aplicar o lay-off e outras a fechar portas para nunca mais as abrir.

Ao JE, o Movimento de Empresas do Sector do Casamento (MESC) explica que “2020 foi um ano muito mau”, onde a quebra estimada ronda os “80% no volume de faturação do sector dos casamentos”. António Manuel Brito sustenta que a pandemia foi mesmo “catastrófica” para o sector e para as empresas que o compõem.

Se o sector pensava que em 2021 teria um descanso face ao ano pandémico enganou-se dado que em janeiro do presente ano a economia voltou a ficar suspensa. “Na verdade, entre 2020 e 2021, foram praticamente 18 meses em que esta indústria esteve quase sempre parada, não digo 100% mas 80% em que não se verificou atividade”, refere o diretor-geral da ExpoNoivos.

Com muitos casamentos adiados em 2020 e 2021, parece que 2022 poderá ser o ano de uma retoma em pleno. “Os meses de verão (junho, julho e agosto) mostraram alguma retoma mas nada comparado com anos anteriores”. O diretor espera mesmo que a realização do evento seja um ponto de viragem para este sector que tem sofrido quebras bastante significativas.

Muitos consideram que se observou um boom de casamentos no verão mas para o MESC este crescimento circunscrito ao período do bom tempo não chega para compensar os eventos que foram perdidos. “De uma forma geral, vamos chegar ao fim do ano com menos casamentos do que em 2019. E muito por causa da pandemia”, confidencia a organização ao JE.

“Apesar de muitos casais terem adiado os seus casamentos diretamente para 2022, já houve uma retoma e sente-se que as empresas retomaram a sua atividade. Não digo em pleno mas, pelo menos, com uma grande percentagem e um grande entusiasmo, que acho que é o mais importante”, considera António Manuel Brito. O diretor aponta ao JE que este entusiasmo das empresas deve também ser significativo para os noivos, dado que “tiveram os sonhos suspensos” durante meses a fio com a incerteza que o dia chegaria.

Casamentos de estrangeiros com perspetivas de retoma significativa

Antes da pandemia, os casamentos de estrangeiros em território nacional estava em franco crescimento e estima-se que retome a rota ascendente quando todas as medidas de proibição sejam canceladas.

O Movimento de Empresas do Sector do Casamento explica que a quebra destes casamentos “está obviamente relacionada com a limitação das viagens internacionais”, quando Portugal encerrou as fronteiras aéreas a países que apresentavam grandes taxas de infeção e de mortalidade por Covid-19 para se precaver do aumento de casos.

Enquanto os noivos portugueses gastam uma média de 30 mil euros no dia do casamento, entre convites, quinta, bolo e banda ou DJ, o MESC esclarece que o noivo estrangeiro “que vem casar a Portugal não está muito preocupado com os valores” que vai gastar, dado que procurou o país por os preços serem mais reduzidos face ao seu país de origem.

Entre as nacionalidades que mais procuram Portugal para casar estão cidadãos franceses, brasileiros e ingleses, e ainda algumas nacionalidades do norte da Europa.

“Nos últimos anos assistimos a um número elevado de casamentos de cidadãos estrangeiros, nomeadamente do norte da Europa, e em particular do Brasil”, nota o diretor da ExpoNoivos, que indica existir uma empresa específica que orienta os casais para celebrarem a união de duas famílias em território nacional.

O Algarve é a região mais procurada pelos casais provenientes do norte europeu devido às boas condições climatéricas, preços praticados em Portugal face ao poder de compra superior. “Muitas vezes sai mais barato alugar um avião para 300 pessoas do que fazer um casamento na sua cidade natal”, explica. Até 2019, este foi um negócio de nicho que cresceu “substancialmente”, até a pandemia interromper a subida.

Os cidadãos brasileiros, por sua vez, escolhem o inverso. O ambiente de praia e seu limpo já é um dado quase adquirido no Brasil e por isso escolhem as quintas mais a norte do país. “O efeito das vinhas, do vinho, da paisagem conta muito para os brasileiros. Praia eles têm muita”, adianta. Assim, os brasileiros optam por escolher um ambiente “mais mágico” e reservado.

“Temos uma série de vantagens competitivas. E uma das vantagens competitivas que temos é o ambiente seguro. Somos um país vacinados, em primeiro lugar na taxa de vacinação, o ambiente é controlado e garantimos segurança [sanitária]”, diz António Manuel Brito. As perspetivas é que já para o ano se assista a um “incremento” deste tipo de casamentos em Portugal.

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