No seu programa eleitoral os socialistas prometeram “virar a página da austeridade” – um chavão que à data era repetido inúmeras vezes pelo seu líder. O manuscrito em causa serviu ainda para catalogarem como “insatisfatório” o crescimento económico que então se verificava, e para afirmarem que, caso viessem a governar, mobilizariam “os recursos” e adequariam “os quadros de apoios públicos à necessidade de uma retoma rápida do investimento”.
Com o compromisso de reverter a austeridade, o PS projectou assim para 2016, em jeito de promessa eleitoral, um crescimento económico de 2,4% e uma aceleração de 7,8% do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo). A realidade viria a revelar-se bem diferente.
Ao leme do País, os socialistas acabaram por mexer somente na composição da austeridade, não a revertendo. Quanto aos resultados económicos, é caso para dizer que a montanha acabou por parir um rato: o INE confirmou ontem mesmo que em 2016 a nossa economia cresceu 1,4% e que o investimento contraiu 0,3%. Estes valores não são apenas inferiores aos que foram prometidos em eleições; são também piores do que aqueles que se verificaram em 2015. Os mais distraídos, porém, não tardaram a comemorar o feito. Uma situação curiosa que faz lembrar a história daquela equipa desportiva que no início da época prometeu ser campeã, mas que depois andou o campeonato todo a lutar para não descer de divisão. Como no final lá conseguiu evitar a despromoção, alguns dos seus adeptos acabaram a festejar tal qual tivessem sido campeões.
É hoje indiscutível que o PS não está a cumprir com aquilo que prometeu: não reverteu a austeridade, muito menos colocou a economia a crescer em torno dos 2,5% no seu primeiro ano de governação. Após ter garantido que “palavra dada é palavra honrada”, António Costa deve agora uma explicação aos Portugueses.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.