O Relatório Nacional “Opinião Pública na União Europeia” de 2020-2021 refere que 52% dos portugueses identificam a situação económica como o problema mais importante do país.
Na lista de preocupações dos cidadãos nacionais figuram o desemprego com 40% e a saúde com 32%.
Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE) em que a referência à questão económica é mais frequente, só sendo ultrapassado pela Grécia com 59% e pelo Chipre com 54%. Sobretudo os impostos preocupam 16% dos inquiridos em Portugal, mas a referência a este problema quadruplicou desde o verão do ano passado, em contraponto com apenas 5% dos cidadãos dos outros Estados-membros que o mencionam.
As três prioridades temáticas dos portugueses são as mesmas da generalidade dos cidadãos da UE, ou seja, a economia, o desemprego e a saúde, a que em muitos países se vem juntar a questão das migrações.
Ora, as desigualdades económicas, que se traduzem quase sempre em desigualdades sociais, são a principal causa do surgimento de movimentos populistas que ameaçam o Estado de Direito e a democracia ocidental.
A extrema-direita tem progredido com o Brexit que reabilitou a Frente Nacional Britânica, em Espanha com o partido nacionalista Vox, em França a União Nacional de Marine Le Pen que também é deputada europeia continua pujante e, ainda, a ascensão de partidos e figuras populistas em diferentes Estados-membros como na Alemanha, Áustria, Itália, Hungria, Polónia e mesmo Portugal.
No âmbito deste cenário e, pour cause, foi lançada uma iniciativa inédita, a saber, a Conferência sobre o Futuro da Europa, que consubstancia uma oportunidade para os europeus influenciarem o rumo que a União está a tomar.
Pela primeira vez, as três principais instituições da UE debatem o futuro da Europa, em conjunto com representantes da sociedade civil, sobre o tema do que deve mudar na UE. E porque a União evoluiu e involuiu ao longo destas décadas, o pensamento europeu também se foi alterando.
Assim, a conferência, sobretudo pensada por Ursula von der Leyen, tem como objetivo ouvir os cidadãos europeus sobre o que querem e o que esperam para o futuro da União Europeia nas várias áreas da sua competência, com destaque para a emergência climática, a desigualdade, a saúde e a transição digital.
É dada particular atenção à representação dos mais jovens, exigindo-se um equilíbrio de género entre os vários participantes, bem como de idades, educação e antecedentes, para que possam ser representativos de toda a população da União.
A plataforma digital, lançada a 19 de abril, é o elemento central da Conferência sobre o Futuro da Europa, que permitirá que todas as pessoas participem e proponham as mudanças que consideram necessárias efetuar ao nível da União Europeia
As propostas e as conclusões que vão constar do relatório final requerem unanimidade por parte dos mais de 300 membros do plenário da Conferência, o que pode ser um escolho, mas também uma oportunidade de, pelo menos, obter um consenso baseado no mínimo denominador comum.
O que se segue o tempo o dirá, mas arriscaria dizer que se prevê uma nova alteração dos Tratados, pelo que os portugueses deveriam marcar presença em força, porque ao defenderem os seus pontos de vista estão a contribuir para um país e para uma Europa melhor!