Na sua mensagem de Natal, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que “temos de continuar a investir na qualidade dos serviços públicos”, dando como um dos exemplos o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Continuar a investir?! Parece anedota.

Desde logo, as estatísticas do INE demonstram que no conjunto dos anos de 2016 e 2017, o total do investimento público caiu 16% face ao período anterior de 2014 e 2015. Como referi num artigo publicado há um mês, Portugal tem o segundo menor investimento do Estado em percentagem do PIB dos 28 países da União Europeia. Por este, ou por aquele motivo, sabe-se que têm sido adiadas obras imprescindíveis em vários sectores. É caso para perguntar: como se pode criticar o governo anterior quando hoje, numa conjuntura mais favorável, até se investe menos? Mas foquemo-nos no caso concreto da Saúde.

Uma análise às finanças públicas permite constatar que no conjunto de 2016 e 2017, os investimentos no SNS caíram 18% face a 2014 e 2015. Recordo ainda que há uns dias Adalberto Campos Fernandes veio precisamente afirmar que o maior problema do SNS “é a falta de investimento em infraestruturas e equipamentos”. Mas o que esteve então Adalberto a fazer nestes últimos três anos, enquanto ministro da Saúde, no Governo de António Costa? Será que este serviço – que é fundamental para a vida dos cidadãos –, tem merecido a devida atenção por parte dos nossos decisores políticos?

A realidade é que, ao passo que a arrecadação fiscal vai batendo recordes, os serviços públicos vão-se degradando. Isto é, não obstante estarmos hoje a pagar mais impostos, aquilo que o Estado nos disponibiliza é de pior qualidade. E naturalmente que isto não contribui para a melhoria das condições de vida dos portugueses. É tempo de fazer mais e melhor. Esperemos que 2019 traga bons ventos.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.