Os dados disponíveis não deixam dúvidas: a proporção de mulheres em cargos de liderança ou de mulheres empreendedoras está muito longe dos cerca de 50% que o género feminino representa na população global. No entanto, vários estudos concluem que empresas com mais mulheres em posições de liderança tendem a ter performances acima da média.

A importância destes temas está a resultar em medidas concretas, como é exemplo a recente legislação sobre quotas nos conselhos de administração. Mas será esta a única solução para o problema?

Tanto homens como mulheres têm preconceitos, muitas vezes inconscientes. Num exemplo conhecido, audições de músicos a atuar atrás de uma cortina levaram a um aumento significativo da contratação. Outros estudos da mesma natureza estão a levar algumas empresas a selecionar com base em CVs que omitem o nome, a fotografia e mesmo o estabelecimento de ensino dos candidatos. Em consequência, alarga-se o leque de candidatos viáveis e criam-se equipas mais diversas, com melhores resultados na abordagem a problemas.

Sendo muitos os momentos ao longo de uma carreira que contribuem para o acesso a posições de chefia, é essencial criar mecanismos conscientes para não limitar às mulheres a oportunidade para demonstrar capacidade de liderança. É aqui que as empresas realmente podem demonstrar o seu compromisso com a paridade de género, com a responsabilidade a recair sobre os gestores, homens e mulheres, que devem assumir com naturalidade – e proatividade – o coaching de mulheres para assumirem mais responsabilidades, sem que se abdique de avaliações de mérito isentas.

Finalmente, a progressão na carreira passa muitas vezes pela aspiração de trabalhar perto, ou de alcançar a mesma performance, de alguém que é um exemplo na sua profissão ou empresa. Nesta matéria, a disponibilidade de mais mulheres para dar visibilidade aos seus percursos profissionais poderá ter um papel inspirador, acelerando a perceção de que a liderança no feminino é normal e desejável.

Num mundo complexo, incerto, desigual e escasso em talento, a paridade de género e o empreendedorismo feminino não são, definitivamente, um problema apenas de mulheres – devem ser uma preocupação de todos.