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Parlamento Europeu discute investimento chinês na banca e energia

Relatório identifica que a aquisição de ativos chineses na Europa foi no valor de 318 mil milhões de dólares, desde 2008, excluindo fusões, investimentos e empresas comuns.
11 Setembro 2018, 07h45

Depois da reticência de vários países com o crescimento do investimento chinês na União Europeia, o Parlamento Europeu irá debater o tema esta terça-feira. Na base da discussão estará um relatório que defende que os investimentos chineses em sectores como a banca e a energia está integrado numa estratégia global de empresas detidas ou financiadas pelo Estado assumirem o controlo dos sectores bancário e energético e de outras áreas de investimento.

O relatório elaborado pela Comissão dos Assuntos Externos – que tem como relator o eurodeputado Bas Belder -integra as sugestões do parecer da Comissão de Comércio Internacional que revelam a “preocupação com as aquisições orquestradas pelo Estado [chinês], susceptíveis de pôr em causa os interesses estratégicos, os objectivos de segurança pública, a competitividade e o emprego na Europa”.

O relatório identifica que a aquisição de ativos chineses na Europa foi no valor de 318 mil milhões de dólares, desde 2008, excluindo fusões, investimentos e empresas comuns.

Segundo dados da Bloomberg, recolhidos em maio, 360 empresas foram adquiridas por investidores chineses, das quais se inclui a fabricante italiana de pneus Pirelli & C. e a companhia irlandesa de aeronaves Avolon Holdings Ltd. Identifica ainda que entidades chinesas também detêm total ou parcialmente pelo menos quatro aeroportos, seis portos eólicos em nove países e 13 equipas de futebol profissional.

Em contra-ciclo, o investimento director estrangeiro (IDE) da União Europeia (UE) na China apresenta uma trajectória de quebra desde 2012, nomeadamente no setor da indústria transformadora. Este cenário levou alguns líderes europeus, como a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron a pressionar para uma maior reciprocidade no investimento entre a UE e a China.

O relatório da instituição europeia sublinha que as empresas da União Europeia têm encontrado um crescente número de medidas restritivas de acesso ao mercado chinês, de que são exemplo “requisitos técnicos discriminatórios”, como a localização forçada dos dados e a divulgação de código-fonte, assim como medidas regulamentares para as empresas detidas por estrangeiros.

Critica ainda a ausência de calendário para a implementação dos objectivos identificados para uma maior abertura do investimento estrangeiro no Estado chinês. “Insta, por conseguinte, as autoridades chinesas a concretizarem rapidamente esses compromissos”, lê-se no relatório.

“Lamenta que o mercado de contratos públicos chinês permaneça, em grande medida, fechado aos fornecedores estrangeiros, sendo as empresas europeias vítimas de discriminação e falta de acesso aos mercados chinês”, salienta, apelando à Comissão Europeia a estar atenta aos contratos adjudicados a empresas estrangeiras suspeitas de práticas de dumping e a tomar medidas “sempre que necessário”.

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