Com o PIB a crescer pouco, os salários também não podem aumentar de forma significativa, e o Estado tem tendência a ter contas públicas em permanente aflição, com subidas sucessivas de impostos e austeridades de vários sabores, o último dos quais é a degradação dos serviços públicos, em especial na saúde.

Por isso, é essencial perceber, em primeiro lugar, se os partidos políticos atribuem primazia a esta questão e, em segundo lugar, que tipo de propostas têm para tentar resolver esta doença que nos amarra à pobreza.

O PS tem governado a esmagadora maioria do tempo da estagnação relativa, pelo que a sua acção nunca atribuiu importância a esta questão. O novo líder apresentou ideias vagas, como “transformar a economia”, pretendendo atribuir “mais dinheiro em menos sectores”.

Um dos nossos maiores problemas são os obstáculos inventados pelo Estado, tais como complexidade legislativa e morosidade administrativa, correlacionadas entre si. Depois de gastar dinheiro a criar dificuldades, o governo distribui dinheiro para tentar compensar parte dessas mesmas dificuldades. Pedro Nuno Santos quer que os contribuintes subsidiem mais alguns sectores, que ele ainda nem sabe quais serão. É evidente que esta ideia não se baseia em nenhum diagnóstico válido, pelo que não poderá funcionar.

O PSD fez algumas reformas para tentar inverter a estagnação, mas não concluiu o seu trabalho nem teve a convicção para, na oposição, defender o que tinha feito. Agora, nas “Propostas | Acreditar 2024” o crescimento não consta directamente, o que é estranho. Algumas das propostas da fiscalidade poderiam ir nesse sentido, mas são quase todas focadas no rendimento imediato das famílias, como o IRS.

É difícil perceber a posição estrutural do Chega sobre o crescimento económico, porque este partido se tem especializado em fazer uma miríade de propostas, que parecem uma manta de retalhos. No entanto, a generalidade delas é sobre distribuição do rendimento e poucas sobre criação de riqueza.

O BE nem sequer tem qualquer preocupação em aumentar o bolo, foca-se exclusivamente na sua distribuição, tendo mesmo várias propostas que conduzirão à diminuição do próprio bolo.

O título do programa eleitoral da IL de 2022 era “Portugal a crescer”, o que evidencia a tal primazia a este problema e muitas das propostas são válidas, parecendo o programa mais capaz de alcançar o desígnio que assume por inteiro.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.