A inovação, o dinamismo e o sucesso das organizações são, em grande medida, determinados pela juventude e pela renovação dos respetivos colaboradores e quadros. Olhemos por exemplo para a média de idades dos trabalhadores de empresas como o Facebook (28 anos), a Google (30 anos) e a Apple (31 anos). Se olharmos para os partidos políticos portugueses e para a Administração do Estado, o cenário é o oposto. A média de idades dos funcionários do Estado ronda os 45 anos, numa tendência para o envelhecimento. Nos partidos, também são sempre os mesmos a aparecer. Veja-se que Pedro Santana Lopes ainda é putativo candidato a presidente da Câmara Municipal de Lisboa e a primeiro-ministro de Portugal.

Se os eleitores estão cada vez mais descontentes com o Estado e a distanciar-se dos partidos políticos, não deveriam estes preocupar-se mais em promover o rejuvenescimento e a renovação dos seus quadros e em oferecer novas respostas às inquietações dos cidadãos? É evidente que sim, porém, isso não está a suceder. O nosso sistema político encontra-se estruturado de forma a tornar quase impossível a intervenção de novas pessoas e organizações.

Quando um movimento de cidadãos com propostas e ideias diferentes cria um novo partido político, depara-se com o dilema de ter poucos membros e, nessa medida, ter fundos limitados para sustentar a sua organização. O problema agrava-se porque o sistema de financiamento partidário favorece os partidos já estabelecidos. Acresce que a comunicação social raramente dá cobertura mediática a movimentos moderados mais pequenos. Os únicos que conseguem cobertura mediática são os populistas ou extremistas que, naturalmente, capitalizam essa exposição a seu favor. Sem financiamento e sem cobertura mediática, os novos partidos moderados estão condenados ao fracasso.

Em alternativa, os cidadãos podem intervir com as suas ideias e propostas nos partidos já existentes. Sucede que a estrutura organizacional dos partidos é essencialmente territorial e vertical. Assim, existe um desfasamento óbvio entre as organizações partidárias e a motivação de intervenção dos cidadãos – que gira essencialmente à volta de temas e causas. Ao consultar os estatutos e as páginas de internet dos partidos políticos portugueses percebemos imediatamente que, apesar de existirem secções e grupos temáticos, estes não têm qualquer peso no equilíbrio de forças interno. Assim, a luta política interna nos partidos não se trava tanto no âmbito das ideias e do conteúdo, mas sim no âmbito das pessoas e do território, com o consequente empobrecimento do debate e das propostas.

Neste tipo de luta política, ganha quem tem mais tempo disponível e não quem tem mais qualidade. Este sistema territorial deveria ser restruturado por estar completamente desajustado à realidade dos dias de hoje e por constituir uma das principais causas para o afastamento dos jovens e da sociedade civil dos partidos políticos.

É premente promover a reforma dos “3 R” nos partidos políticos: Rejuvenescer, Renovar e Restruturar.