A semana passada, o presidente Trump passou um mau bocado quando a Assembleia das Nações Unidas se riu dele. Tudo começou quando ele disse que a sua administração tinha feito em dois anos mais do que quase todas as outras, o que pôs todos a rir. Nada mal para quem vai, segundo o Washington Post, com mais de 5 mil mentiras variadas, e cujo jornal favorito é o “Fictional Times”. Trump diz que a Assembleia não se riu dele, riu com ele; então, riram de quê?

Esta saída de Trump talvez venha do “Laughing with the Presidents”, de Bob Hope, o programa que este fez em 1996 na sua despedida da NBC. Mas as Nações Unidas não são a NBC e a Assembleia da ONU é mais séria que um programa de TV. Repare-se que Trump não foi o único político de quem a malta se riu. Jean-Claude Juncker, por exemplo, numa sessão pública em Bruxelas há um ano, onde discutia a reforma da União, não gostou que a assistência se risse dele dizer que não era a favor de grandes reformas e mandou-os parar de rir; teve mais sucesso que Trump.

Mas não ajuda o presidente americano que ele tenha tweetado, sobre Obama, às 12:30 de 9 de agosto de 2014: “We need a President who isn’t a laughing stock to the entire World. We need a truly great leader, a genius at strategy and winning. Respect!We need a President who isn’t a laughing stock to the entire World. We need a truly great leader, a genius at strategy and winning. Respect!” We need a President who isn’t a laughing stock to the entire World. We need a truly great leader, a genius at strategy and winning. Respect!

A Câmara dos Comuns também teve os seus momentos de riso. A 11 de junho debatia-se a cimeira do G7 do dia 8 quando o MP Crispin Blunt (Tory) perguntou a May “Trump or Trudeau?”, pondo a Câmara a rir. May comentou “I’m not sure what activity he’s asking me to undertake with either”, enquanto o speaker fazia notar que “If one were being really pedantic one would have to say that the honourable gentleman’s question did not contain a main verb”; o Labour encerrou pela voz de Mary Creagh: “It’s certainly not ‘Love Island’.” Recuando no tempo, já na campanha presidencial de 1968, num anúncio de TV, lia-se “Spiro Agnew for Vice-President?” ao mesmo que se ouvia alguém rir a bandeiras despregadas.

Mas que fazer quando todos se riem de nós? O presidente-eleito do México, AMLO, foi confrontado com uma pergunta incómoda e escapou de uma maneira genial: deu um beijo à repórter e seguiu caminho. Se Trump se tivesse lembrado de se pôr a beijar os políticos e diplomatas da ONU, a risota tinha acabado logo.

É remédio universal: imaginem um debate sobre o Estado da Nação no nosso Parlamento, com perguntas duras colocadas ao nosso primeiro-ministro. A coisa pode correr mal, com ele a trocar quase-insultos com o Negrão ou a desentender-se com a Dr.ª Cristas, e quiçá os outros partidos a rirem-se dele. Imaginem que ele sai da bancada, avança para os deputados e começa aos beijos à Eloisa Apolónio, à Berta Cabral, à Teresa Caeiro, às manas Mortágua, ao João Oliveira, ao André Silva… Qual rir, qual quê, era uma debandada em massa. E no dia seguinte todos os jornais diriam que o PS tinha posto os outros partidos em fuga.